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domingo, 3 de março de 2013

Ouvir a Voz do Passado.

Há um tempo não saia de casa.

Nesse sábado assisti RPM, confesso que nunca foi uma banda que tenha circulado nas minhas listas. Mas a pouco vi um documentário sobre o início da banda o sucesso meteórico e mais que astros eu vi os músicos e a sua arte, e o significado de tudo para uma geração inteira.

Não posso negar que a direção do Ney Mato Grosso contribuiu muito para o esforço de enfrentar tanta gente junto. Valeu a pena! A noite estava perfeita um ar morno com cheiro de mar, noite sem estrelas, mas clara e convidativa. Uma lua tímida espiando por trás das nuvens.

Nada exagerado ou espetacular, bom som, boa iluminação, uma seleção de musicas atual, velhos sucessos e alguns sucessos de outras bandas tudo arranjado de forma confortável ao ouvido. A voz sensual de Paulo Ricardo ainda é uma marca além da batida que é própria da banda.

De tudo o que mais gostei foi de estar junto com meus filhos, genro e nora ouvindo músicas que eu nem lembrava, mas que embalaram faz muito tempo minha vida adolescente. Fechei os olhos muitas vezes e fui carregada aos anos 80 e toda a exuberância dessa década, cabelos e roupas exageradas e coloridas, uma invasão em massa de bandas de rock brasileiro. Foi estranho ouvir letras que pedem revolução social, protestos contra a política nacional... Isso fez parecer que algumas coisas não mudaram em nada.

Lembrar que vivi e sobrevivi à década de 80, que sou fruto das músicas, dos livros, filmes, poemas e de todas as conversas loucas com tantos amigos loucos, me fez feliz! A alvorada ainda é voraz, crimes e guerra ainda são comuns, pessoas ainda são torturadas, pessoas consideradas “importantes” ainda aplicam golpes... As revoluções ocorrem por minutos... Mas estamos vivos e quem sabe algo mude.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Eu?

O que me traduz?


Quem eu sou?

Do que gosto?

Não sei, nem eu sei. Sou assim uma alma mutante presa que mora em um corpo agitado, barulhento, de gestos exagerados, com cores exóticas. Mas, o que encanta corpo e alma é silêncio, abraço macio, cheiro de sol, risada boa, oi de amigo, quintal solarengo, dia morninho, sensação de bom e do bem.

Não quero isso eu sei que me dividam e criem personagens pra mim, que imaginem e me deem personalidade ou qualidades e defeitos que não são meus, que façam suposições a respeito das minhas opiniões e gosto. Que direito acham que tem? Se não sei é porque justamente não quero!

Incomoda-me e isso eu sinto é a imposição de presença, olhares julgadores, invasores, ladrões de pensamentos e ideias, narradores dos defeitos alheios. Posso ficar horas listando meus próprios defeitos e em um segundo é um desses defeitos que realmente me sustentam de pé. Poderia passar alguns minutos contando grandes qualidades que por existirem fazem com que me firam tão profundamente. Minhas dores estão mais ligadas às qualidades que aos meus defeitos.

A certeza que tenho é que não faz nenhuma diferença, pra ninguém, o que me passa todos os dias. Meu corpo é Jazz e minha alma Bossa Nova e a vida girando, musicando a minha melodia.