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domingo, 25 de novembro de 2012

Sombras




É bonito aqui,


Pra todo lado que se olha um arranjo de troncos e folhas, desenhos de sombra e sol. Um som de água deslizando nas pedras preguiçosamente, cantos de pássaros aqui, ali, lá e ruído de insetos.

O sol vem até minha cama e acaricia minhas pernas em um convite languido a preguiça. Tudo em volta assemelha-se a perfeição. Mas hoje me sinto triste, a beleza não me toca. Respirar dói! Motivos? Todos e nenhum. Não precisa motivo, a tristeza tem um lugar cativo em mim. Toda vez que paro e me percebo, ela vem e invade.

Em momento como esses tenho vontade de sair por ai, sem um destino certo. Vontade de não ser eu, de me desconhecer. Sempre tive essa estranheza com as coisas do mundo e com as pessoas. Normalmente confundida com arrogância. Não sou arrogante, gosto do simples, e gosto de privacidade. Poucos são os que verdadeiramente me invadem. Prefiro assim, as pessoas sempre põem muita expectativa sobre o outro. É difícil realizar expectativas.

Ser feliz e fazer feliz consome muita energia, melhor dedicar-se a poucos. Ser triste é mais fácil, quase ninguém gosta de pessoas tristes. Eu acho irritantes pessoas muito felizes, muito bondosas, muito queridas, pessoas muito me deixam cansada. Eu sou quase sempre feliz, com recheios de tristeza e cobertura de bom humor. Mas, tenho inclinações a irritações repentinas, respostas azedas, frases cínicas e sempre, sempre predomina em mim o sarcasmo. Tenho verdadeiras patologias sentimentais, mas estive pensando que elas são o que há de melhor em mim. Eu seria muito sem graça não fosse obsessiva no que faço. Se não compulsiva teria ideias imediatas e loucas? E minhas rizadas existiriam, meu choro... Não seria sem graça, mais aceita, talvez mais amada, mas absolutamente comum.

O sol vai indo devagar, as sobras debruçam sobre mim e o farfalhar parece querer contar alguma coisa. É... É bonito aqui!

domingo, 18 de novembro de 2012

Estranheza

Momentos estranhos vividos ultimamente. Impressão que atravesso a vida me equilibrando sobre um fio. Às vezes balançando, às vezes na ponta dos pés e ali, logo ali uma enorme plateia. A cada balanço, posso ver a reação de cada um, os que torcem por uma queda, os que temem por mim, os que querem me dar à mão. Mas, de certa forma me sinto inalcançável.
Esse fio por onde ando me parece inevitável, preciso andar sobre ele até o final. E onde é o final? Não sei. Mas passo o tempo me equilibrando, balançando entre sentimentos. Tudo é confusão, e o que era certo já não mais parece ser.
Penso que esse fio é na verdade a linha da vida. Talvez, o momento vivido, como todos, não planejado, me traga insegurança. Algo me impele a seguir, como se tivesse os olhos vendados, sem a mínima ideia de quando o fio acaba e o que tem no seu final, ou mesmo se tem um final.
Sigo, porque sou um ser andante. O medo eu guardo, levo um sorriso firme para usar quando necessário à palavra e o silêncio são armas de defesa.  A solidão e a tristeza são companhias quase constantes. Ser triste nem sempre é ruim, ser triste prova que você é humano, que se comove, sente! E a solidão às vezes é bem vinda, prefiro a “personas não gratas”. Gosto de poucas pessoas, e a estas entrego a minha alma. Não quero ser amiga de todos, não tenho pretensão de ser popular. Gosto da discrição de um pequeno mundo particular! Não me precisam entender é só me deixar seguir!
Meus momentos estranhos são meus momentos! E divido com quem acredito que deva. A estranheza é parte do que sou uma daquelas criaturas que vivem ao lado, sempre ao lado, nunca no centro, nem em frente. Criaturas que não pertencem!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Pessoas Cigarras!

Gosto de ouvir as cigarras, principalmente as “cigarras do natal” o canto me faz lembrar, calor, festa com a família, férias...  Gosto de fechar os olhos e ouvi-las estridentes anunciando a chegada do verão. Imagino que depois de passar tanto tempo sob o solo deva ser um espetáculo ver a luz, sentir o calor e ainda poder voar!
Aqui da janela, se bem atento, pode-se observa-las subindo pelo tronco da árvore, ficar imóvel até trocar o velho esqueleto por um novo, lindo com asas brilhantes. São muitas em um mesmo tronco, o canto chega a ser ensurdecedor. São os machos fazendo sua serenata para seduzir uma fêmea.
Penso que às vezes é preciso ser cigarra, sair do lugar onde está, nem que para isso, precise cavar um túnel e correr o risco de, na luz, ser devorado por algo maior. Mudanças requerem coragem e nem sempre são bem aceitas por quem está em volta. Mas se a recompensa for um grande voo iluminado, vale a pena... O risco, a critica, as perdas...  Liberdade de ser!
Acredito que se perde muito tempo sendo o que o outro quer, o que a sociedade exige, o que mais convêm a uma certa posição social, o que é mais fácil e cômodo pra todos. Acaba-se não sendo. Não de verdade, não o que se quer, não o que lhe faz bem, não o que lhe faz feliz, o que é correto com sua alma.
SER de verdade é mais difícil, agrada a poucos, incomoda quem está à volta. Mas, trás uma sensação de querer-se bem, um certo “que” de liberdade, uma centelha de razão quase insana, um orgulho meio bobo de não ter medo. E o melhor, é saber que quem gosta de você é de você que gosta, não do ser cuidadosamente projetado a ser mostrado para agradar.
Sinto-me meio cigarra, fiquei por tempo no escuro, fazendo o que esperavam de mim, mais por comodismo do que por medo. Um dia, cansei. Sai do lugar cômodo onde estava, gritei estridentemente o que realmente pensava e me senti leve! Posso não ter lindas asas brilhantes, mas meu pensamento voa livremente!


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Bola de Sabão!

A sensação de carregar todo um peso imenso nos ombros e no coração. Essa é a sensação que algumas pessoas me passam. Passam tudo que de ruim existe nelas para os meus ombros. E apesar de ser inacreditável, surreal... Torna-se físico, dói quando respiro e leva um tempo  para que eu me liberte.
O bom é ser leve, andar como brisa, flutuante como uma bola de sabão. Momentos cada vez mais raros. Parece que o tempo me faz encontrar cada vez mais pessoas com tanta carga ruim e cada vez mais essa carga se prende em mim. Como se eu tivesse um imã para lixo humano, sentimentos ruins, pensamentos ruins, atitudes ruins...
Essa foi uma semana pesada, muito! Quase não dei conta de carregar tudo que grudou em mim. Refleti, mentalizei, me banhei, tomei chá de ervas, remédios, falei com Deus... Mas quando eu respiro ainda sinto a dor, dor física e um extremo cansaço. Às vezes é necessário “chover” para que passe.
Hoje não! Não quero chover, quero ser feliz, quero ser bola de sabão, uma linda e leve bola de sabão. Quero esquecer o lixo humano que me persegue, quero esquecer essas pessoas que insistem em trazê-lo até mim, ignorar o peso e a dor! Vou por ai flutuar...