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domingo, 15 de janeiro de 2012

Emprestador de livros

O emprestador de livros é o mesmo fazedor de rizadas, compartilhamos a graça e as viagens literárias. Nem sempre compartilho seu gosto literário já que tenho uma caída pelo épico, o romântico e ele por ficção científica além da imaginação e por gibis de heróis.
Os livros dele hospedam-se em minha casa por dias, meses, às vezes anos, moram nas prateleiras da estante, viajam pra praia, passeiam na minha bolsa, servem de apoio pro meu note (que ele não leia isso). Às vezes fico com apego, não quero devolve-los, outras não os leio por falta de tempo ou por achar ruim. Mas lendo um recado postado por ele, lembrei, que de certa forma ele fica por ai ocupando minha casa... O que é bem a cara dele.
Disse que não quer ver minha cara esse ano, pra me provocar é claro! Sou irresistível, nunca vai conseguir ficar tanto tempo assim sem me ver. De toda forma está por aqui em toda parte, a cada vez que pego um livro, lembro a quem pertence e que posso ficar mais um ano com eles.
Penso que se arrepende a cada livro que me empresta, nem ligo, continuo pedindo. É uma grande economia, muito melhor do que ter uma amiga que lhe empresta roupas. Amo a leitura, gosto do contato com os livros, e assim, posso gastar meu dinheiro com coisas fúteis, como roupas, maquiagens, perfumes, sapatos, amo esse meu lado fútil. Contrastante com a pessoa que lê bons livros e ouve boa musical Posso dizer que os livros e as músicas têm personais emprestadores. Não daria pra fazer o contrário, meu emprestador de livros não poderia me emprestar roupas, nem sapatos.
Um só sapato do emprestador de livros cabe meus pés e mãos. Já que calço 34 e ele provavelmente 44. Uma camiseta poderia ser transformada em um vestido longo, a calça vestiria dos pés a cabeça e nada me faria feliz, já que tudo é bege, cinza ou preto. Não tem laços, nem rendas, nem um coloridinho sequer. Prefiro os livros, tem ótimos, variados, do poema ao crime e posso me sentir dona deles por um tempo que eu mesmo determino.
Nessas férias meu tempo não pode ser dedicado aos livros, nem uma pagina lida de frente pro mar, nem uma noite mergulhada em uma aventura ou em um crime insolúvel. Nada! Só alguns poeminhas rápidos e algumas páginas de Clarice, isso porque os livros de Clarice (estes são meus) têm que ser lidos lentamente, refletidos, sentidos. Também não tenho dado muitas rizadas. Ando ocupada mudando os trilhos, construindo algumas curvas.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. "Penso que se arrepende a cada livro que me empresta" #Fato
    ...mas continuo emprestando, o certo a se dizer seria: continuo 'compartilhando'.
    Nada melhor que um bom livro para comentar com um bom amigo. Tenho novas aquisições aqui, algumas ainda no plástico, estás só visitarão a casa amarela depois de serem rigorosamente vistoriadas.
    O que mais me preocupa é que nem todos que pegam meus livros, são assim de confiança. Minha memória é péssima, e depois de um ano, não sei onde foram parar alguns livros, alguns bons livros ... mas aprendi a confiar na 'Florisbela', poruqe o que é meu volta, e o que não é eu tiro dela. [tudo pela rima].
    E os apelidos multiplicam-se.

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