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sábado, 31 de março de 2012

"A Síndrome do Piso"


Viajando para cuidar de investimentos em outra carreira reflito sobre a minha atual carreira, aliás, profissão que agora não tem carreira. Sinto que realmente estou cansada, física e mentalmente cansada. Acredito que espiritualmente também estou.
Meus sócios neste investimento, também colegas de profissão, sem carreira, tentam me convencer que preciso de um tempo, uma licença, “licença para tratamento de saúde”. Realmente eles têm razão, estou mesmo doente. Meu cansaço é muito além de algo que pode ser sanado com um final de semana de descanso.
Estou doente, é uma doença nova, chama-se “Columbite Aguda”, uma doença nova que ataca muitos profissionais de educação, e uma doença endêmica, está mais localizada no Estado de Santa Catarina. O agente etiológico é “Raimundo colombus”, parece não haver medicação já que ele parece estar associado a muitos outros “agentes infecciosos” tão difíceis de combater quanto, os “Deputados corruptus”. Os sintomas são muitos, pode até mesmo ser caracterizado como uma síndrome, “A Síndrome do Piso”. Sintomas esses: Tristeza profunda, desânimo, prostração, sensação de impotência.
O tratamento só é possível com uma dose de sensibilidade, informação sobre os direitos profissionais, união dos “indivíduos contaminados” e a certeza de que a educação é o único caminho! A cura ainda é uma promessa e talvez dependa de uma longa espera, não uma espera passiva, uma espera de lutas!

domingo, 25 de março de 2012

Chico

Qualquer coisa que eu pense ou escreva jamais será digna de você!
Nenhum adeus terá a magnitude de sua arte
E apesar de toda a tristeza prometo a você um sorriso.
O maior,
O melhor,
O mais intenso que eu possa dar.
Para que você, de onde esteja, possa vê-lo.
E saber o quanto agradeço por todos os outros sorrisos, risos, gargalhadas,
Roubou-me durante a vida.






sábado, 24 de março de 2012

Direito a Morte


Você já sentiu vontade de morrer?
Eu sim, as pessoas que observam de fora provavelmente julgam ser um pensamento egoísta, uma fraqueza, falta de fé, e tantos outros pré-julgamentos. Posso eu dizer que estão errados? Não sei!
O que sei é que o motivo real não pode ser contado, há que se preservar outras pessoas. E não é uma vontade simples de morrer e pronto, na verdade é uma vontade de nunca ter existido, de ser esquecido. De sair assim, sem malas nem lembranças e não responder por que, muito menos por quem. Existe um porque, claro! Sempre existe. E um por quem? Por mim.
Deveríamos ter o direito de escolher o dia de abandonar a vida, sem causar pânico. Nem mágoas, nem culpas... Simples assim, sumir!
Infelizmente não é assim, morrer por escolha própria é sempre envolto em mistérios, culpas, mágoas e sofrimentos eternos, além, é claro, da imensa coragem de quem opta por isso.
Eu, não tenho essa coragem, por isso fico catando todos os dias os cacos de uma vida unindo em um mosaico e esperando, esperando... Esperando o que? Não sei responder. Talvez uma notícia boa, uma guinada ou talvez ela, a morte.
Nesta última semana chovi lágrimas de tristeza e decepção e nunca tive tanta vontade de nunca ter existido. Tomei decisões dolorosas, tanto, que minha alma tem cicatrizes profundas. Desistir de um sonho é também uma espécie de morte! Pra essa dor não há pílulas, não há abraços, nem palavras, não há amigos.
A vida tem uma diversidade imensa de seres, entre eles os humanos. Entre os humanos uma diversidade de formas de encarar a vida. Eu reconheço duas formas. O tipo egoísta que vê em você uma forma de ser sem muito esforço e convence o outro de que você é o que é por causa dele. E o tipo que se responsabiliza por todos e imagina que só é o que é por causa de todos os outros, é incapaz, não pode viver de outra forma. Descobrir a verdade, o real! Dói, uma dor maior que a vida. E lá se instala um vazio, impossível de ser preenchido. É também uma espécie de morte! Do tipo que ninguém nota e só quem chora por ela é você.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Um Convite a Ser Feliz!


grupo de professores que ali estava.
Ali sentada bem no fundo, ao canto da sala, onde estrategicamente posso observar sem ser observada, tive minha atenção pescada por um convite. Ele nos convidava a ser feliz! Eu que durante toda a minha vida afirmei com convicção: “tenho o dom de ser feliz”. Justamente neste dia questiono esse dom. Não está fácil ser feliz!
Lecionar em um clima de incerteza, onde não se visualiza um horizonte, uma possibilidade de progredir profissionalmente, de ser reconhecido financeiramente, de ter direitos tão importantes como a saúde, sendo tratados com total descaso, o dom de ser feliz não é suficiente e ultimamente parece ter vergonha e não acorda comigo pela manhã. Fica ali escondido, parece doente, o dom!
O dom tem sido substituído por uma revolta crescente, que me faz questionar o que é ético e o que é justo. Preciso ser um bom profissional e estar lá todos os dias bem humorados, com boas aulas, bem preparadas, cumprir as horas atividades, participar dos problemas da comunidade, enfim, fazer o meu melhor! Tudo isso ignorando a falta de ventiladores, a falta de dinheiro, a falta de bebedouro para os alunos, o calor infernal! Isso é ético? Porque justo não é! Não é justo com minha humanidade e também não é ético para comigo.
Há outro dom, o dom de ser educador, este está cansado, sobrecarregado, triste, decepcionados, definhando em meio a planos desfeitos, municipalização vigente, greves históricas e sem resultados. Esse dom, que é diplomado com duas licenciaturas e uma pós, sente imensa vontade de rasgar seus diplomas e dar lugar a outros dons.
Voltando a palestra, em meio a tantas dinâmicas, musiquinhas emocionantes, risos e brincadeiras, além do convite, ele nos dá um conselho, se cuida professor, cuida do seu bem estar mental e físico, lecione por amor, não só por dinheiro. Eu penso, não dá! Para ter saúde precisa realmente ser feliz e para ser feliz preciso de um mínimo de conforto, preciso de segurança, conforto e que o justo esteja ao lado do ético.
Para aceitar o convite a ser feliz preciso acreditar! Acreditar em quem faz as leis, em que as faz cumprir. Necessito vorazmente acreditar que a Educação ainda tem jeito. Eu estive lá, na última assembleia estadual, e o que vi, foi o reflexo do que sinto. Algo se perdeu, o olhar não é mais o mesmo. Estamos lá à deriva!

domingo, 18 de março de 2012

O Pote

Domingo é um dia atemporal! Por aqui, pelo menos, não se conta o tempo. Durante a manhã todos dormem no silêncio lindo da ilha. Tudo fica imóvel! Só o galo canta aquele canto triste, de quem sabe das tristezas da vida.
Estou aqui desde a hora em que acordei, olhando pela janela, faz um dia cinza lá fora, se não fosse o arzinho meio morno, juraria que já é outono. Acho o outono a estação mais melancólica de todas. Mais do que o inverno, porque o inverno é mais intenso e beira a tristeza.
Todo este tempo que estou aqui, minha cabeça é como um pote, cheio de palavras, ideias soltas, girando, girando... Nada se fixa momento alegre, pensamentos engraçados, lembranças divertidas. Palavras aqui e ali, uma saudade, uma preocupação, tudo no mesmo “pote” misturado.
Ali fora nada se move. Nada! Parece que tudo que me cerca está na expectativa, qual será a palavra primeira a sair do pote? Olho tantas vezes para os pés de café que se debruçam sobre à casa amarela, esta escuro embaixo deles, ali tem pedaços de outono, espreitando o verão que se vai.
Tantas pessoas, sentimentos, imagens, situações, tudo ali expresso em palavras, no pote, fechado, girando. Tenho receio de abrir. Também fico na expectativa de qual. Qual será a palavra primeira? Alguém me chama, e volto a vida, com pressa resolvo finalmente abrir o pote!
Qual a palavra? Saudade!

sexta-feira, 2 de março de 2012

Bicicleta de sonho


A menina que não andava de bicicleta,
Tinha olhos sonhadores
Saltitava ao invés de andar.
O rodopiar em frente ao espelho,
Apresentadora de TV,
Plateia assídua de bichos de pelúcia.
Rodas pra que?
Sua capacidade de imaginar ia rápida e leve.
Não tinha um amigo imaginário,
Mas uma família deles.
Nunca ia muito longe ao mundo real,
Sempre ali nos limites do quintal,
Árvores eram casas,
Folhas lindas porcelanas.
Cresceu
Leva a vida muito a sério
Está tão longe do seu quintal
Não rodopia, não saltita,
Nunca vai longe ao mundo imaginário
Mas transita bem pelo mundo real
Ainda não anda de bicicleta
E os olhos sonhadores
Ficaram ainda maiores
E espiam a vida por trás dos óculos
Se olhar bem de pertinho
Pode-se ver
Todo o amor que contém!