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domingo, 18 de março de 2012

O Pote

Domingo é um dia atemporal! Por aqui, pelo menos, não se conta o tempo. Durante a manhã todos dormem no silêncio lindo da ilha. Tudo fica imóvel! Só o galo canta aquele canto triste, de quem sabe das tristezas da vida.
Estou aqui desde a hora em que acordei, olhando pela janela, faz um dia cinza lá fora, se não fosse o arzinho meio morno, juraria que já é outono. Acho o outono a estação mais melancólica de todas. Mais do que o inverno, porque o inverno é mais intenso e beira a tristeza.
Todo este tempo que estou aqui, minha cabeça é como um pote, cheio de palavras, ideias soltas, girando, girando... Nada se fixa momento alegre, pensamentos engraçados, lembranças divertidas. Palavras aqui e ali, uma saudade, uma preocupação, tudo no mesmo “pote” misturado.
Ali fora nada se move. Nada! Parece que tudo que me cerca está na expectativa, qual será a palavra primeira a sair do pote? Olho tantas vezes para os pés de café que se debruçam sobre à casa amarela, esta escuro embaixo deles, ali tem pedaços de outono, espreitando o verão que se vai.
Tantas pessoas, sentimentos, imagens, situações, tudo ali expresso em palavras, no pote, fechado, girando. Tenho receio de abrir. Também fico na expectativa de qual. Qual será a palavra primeira? Alguém me chama, e volto a vida, com pressa resolvo finalmente abrir o pote!
Qual a palavra? Saudade!

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