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domingo, 29 de julho de 2012

Talvez amanhã!

  Hoje está um dia escuro e úmido aqui na minha pequena ilha! Nada se move e eu aqui do meu quarto espio o mundo por uma pequena fresta na janela. Lá fora parece com o cenário dentro de mim. Parado, estático, cinzento, úmido e silencioso.
  A casa amarela está silenciosa e vazia, eu gosto do silêncio. Mas, não este silêncio, este dói! Faz-me falta os risos no quarto ao lado, o entra e sai, a movimentação na cozinha. É meio sem sentido a palavra mãe em uma casa vazia!
  Ultimamente tem sido difícil viver, sobreviver a essa tristeza que vem  e toma conta, as lágrimas que teimam em rolar sem motivo, a insônia, aos pesadelos constantes e a insistente e vergonhosa pena de mim mesmo.
  Descobri nesses últimos dias que tenho um talento para encenar, sou convincente em meus sorrisos, em disfarçar a dor física, em parecer feliz. Consigo sorrir, falar alegremente e fazer as pessoas sorrirem. Consigo passar o dia sem contar “meu dó de mim, minhas dores físicas e de alma.
  Quando o inverno for embora, espero que este inverno que vive em mim também se vá! As dores irão embora com o frio, já posso sentir o conforto de poder dobrar os dedos sem perceber! Quem sabe possa dormir uma noite inteira e sonhar ao invés de ter pesadelos? Ou sentir fome de verdade? Chorar e ficar triste por motivos reais? Eu acredito!
  Acredito no amanhã, sempre!

terça-feira, 24 de julho de 2012

Vietato

O mundo não perdoa pessoas felizes, aliás, não é o mundo são as próprias pessoas. Tudo é inventado pra por limites no quanto um ser humano pode ser feliz! Quem opta por ultrapassar alguns limites e ter momentos de felicidade plena, sempre paga um preço, imposto por que está em volta.
Em nome da moral que nada mais é que controladora da vida de todos, inventaram o pecado. Mas afinal o que é realmente imoral? Viver infeliz não é imoral? Não é pecado desperdiçar toda uma vida sem nunca ter sido feliz?
Também não é permitido ser único, individual, ter pensamentos próprios. Corre-se o risco de ser rotulado como “louco”, “permissivo”, “imoral”. Para ser bem quisto precisa-se de uma grande dose de falsidade, aceitação e imitação do outro.
Também não se tem o direito de ser triste. Tristeza é doença! Só se pode ser triste se algo trágico acontecer. Tristeza por tristeza, não pode. Tem que fingir uma alegria mediana, nada de excesso! Muita felicidade chama atenção, atrai os invejosos, e todos passam a vigiar sua vida.
Eu fico triste, muito triste, profundamente e também feliz, saltitante, exuberante, nem tanto nem  tão intensamente como gostaria. Cumpro as regras, muitas delas, não todas é claro. Pago um preço, sou observada, torcem o nariz pra mim e a grande maioria acha que não sou normal. Tem razão, não sou mesmo! Penso que nem sou desse mundo. E de verdade, pouco ligo. Não ligo porque falam do meu cabelo, da minha roupa, do meu tapete de girafas, do chapéu anos 60, dos meus amigos estranhos. E
Hoje pensei, talvez, cometer alguns “erros” pode ser uma espécie de Prozac para a alma!

domingo, 22 de julho de 2012

Grito

Resistir...
Às vezes é tão difícil!
Acordar todos os dias e manter seus pensamentos guardados, não opinar, não ofender, não expressar sua opinião, ouvir e calar. Todos tem sempre razão, todos são sempre ocupados, todos sempre cansados.
Resista, cale-se, trabalhe, não reclame, viva e sorria, sempre!
Na verdade o desejo é desistir, gritar, chorar, dormir e não acordar. Mandar as favas quem irrita, quem grita, quem não entende, quem insiste, quem mente...

domingo, 1 de julho de 2012

O silêncio que fala

Homens silenciosos e mulheres tagarelas, dupla sinistra!
Faço parte de uma dupla assim, passo a maior parte do tempo na minha casa envolvida no mais absoluto silêncio ou, embalada por alguma sinfonia que em bala a casa amarela.
Vez ou outra o ser verborrágico que vive em mim liberta-se e fala, fala, fala... As respostas são um balançar de cabeça, uma olhada do tipo “estou ouvindo”, quando muito, alguns uhuns, ou uns, grunfs e outros resmungos intraduzíveis. Quando mais animado, ou pior Zangado, sim e não!
Além de um ser verborrágico, vive em mim um ser “atentado” uma espécie de leprechaun brasileiro e de saias. Nada é barreira pra um diálogo quando eu realmente quero e tudo é motivo pra provocar o riso quando esses  seres,  resolvem libertar-se.
Então,
Na casa amarela no tradicional café das 18h, estabeleço um diálogo? Um monólogo? Qual o nome se dá para uma conversa onde um fala e o outro gesticula ou resmunga? Não importa...
Tenho muita coisa pra falar, contar, o dia de trabalho cansativo, o tempo, a pessoa que me irritou, o que vi de belo, o erro que cometi o que ouvi de bom, enfim, Blá, blá, blá! Em troca, entre mexidas no café alguns goles, recebo olhares e  uhuns. Faço uma pergunta: “uhum”. Conto algo que fiz: “Uhum!”, pergunto se estou certa : “Uhum!!!”. Vários uhuns depois, assunto esgotado. Pergunto-me, falei sozinha,  todo esse tempo? “Uhum” é algo automático que dispara como uma forma de me contentar?
Ah não! Tudo bem eu até aceito uhuns, mas tem que ser verdadeiros! Quero ser ouvida. Bebo devagar o café e penso: Um teste! É isso, testarei os uhuns! E lá vem a pergunta teste. Conto mais um pedacinho do meu dia e finjo distração e largo a pergunta:
“Você é veado?”
Sobrancelhas arqueadas, olhos zangados e finalmente uma frase:
Que pergunta é essa em meio à conversa? Ficou louca?
Pronto orgulho feminino salvo! Os uhuns eram sinceros, meu ouvinte estava atento, só tem mesmo é uma grande economia de sons. Devia saber ouvir é o dom! Tanta musica e poucas palavras. Não é uma palavra que cala e sim um silêncio que fala!