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quarta-feira, 18 de abril de 2012

É possível dar risada!

Resolvi escrever o lado engraçado da greve! Apesar de ser uma situação dramática, como tudo, tem de onde tirar graça. A ida para assembleia foi cansativa, demorada, não sei por que a cada assembleia parece que aquela ilha fica mais distante.
A assembleia foi tensa, confusa, uma mistura de desilusão, cansaço e indignação. Dava pra sentir e quase pegar com as mãos os sentimentos negativos que pairavam pelo ar. Muitos discursos inflamados, outros sem conteúdo nem fundamentação. Enfim, tudo como sempre. Na passeata, não houve música, nem muitos gritos de comando, só pessoas cansadas, desiludidas e muito, muito revoltadas com a situação e com o descaso com que tem sido tratada a classe dos professores.
Mas o que quero escrever é sobre a volta. Não voltei no ônibus com o restante dos colegas, vim de carro com meu irmão e outros dois sindicalistas. Um deles eu conheci ali na passeata, minutos antes de entrar no carro pra vir pra casa. Não me lembro de termos sido apresentados, por isso, não sei seu nome. O que sei que ele foi à figura mais hilária que conheci nos últimos tempos.
Pra iniciar uma conversa, do tipo “vamos ser amigos” ele resolveu contar, em detalhes, como “torceu” o testículo durante o banho. Não contente e nada constrangido, contou todo o tratamento, as massagens do médico e as sensações!
A certa altura de toda a louca conversa, bateu no meu ombro e perguntou: “Já te contei de quando fiz meu primeiro espermograma?”... Mas hein?! ... Era a primeira vez que me via, não sabia e não sabe meu nome, com eu haveria de saber sobre seu espermograma? Pois ele contou, tudo! Desde a sala de espera, as atendentes, o enfermeiro, a decoração da sala, o tamanho do pote (que ele jura ser impossível de encher, e que teve a tentação de completar com cuspe), e ainda, todo o trauma que isso lhe causou. Contou ele, que ao entregar o pote a um enfermeiro enorme, este olhou pra ele docemente e falou: “Huum quentinho”... Isso interferiu por semanas na vida sexual do maluco!
E depois de toda essa conversa, nada adequada para “meninas”, ele me convidou pra qualquer dia desses tomar alguma coisa no boteco do Tião. Foi a viajem mais rápida de volta que já fiz, ainda me vem um sorriso quando lembro, se não estivesse com meu irmão, juraria que é um personagem da minha louca imaginação.
Como minha memória não é das melhores, não me lembro muito bem da fisionomia, então, na próxima assembleia vou bater no ombro dele e perguntar; “ Oi! você é o menino do espermograma?”

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