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sexta-feira, 6 de abril de 2012

Tudo derramado!

Gosto do entardecer! Gosto de ver o céu mudar de cor e o mistério em sombras tomando conta de toda a ilha verde. A casa amarela com janelas fechadas e o cheiro de café e banho no ar, a mesa posta, o barulho de talheres, a conversa familiar.
Preciso do entardecer pacífico da minha casa, preciso muito passar um tempo assim, comigo cercada daquilo que amo, sem cobranças, sem precisar emitir opiniões, sem saber sobre opiniões, só eu e a minha vida. Minha vida simplesinha, na minha pequena casa, com cheirinho de cera, café e flores, com meus livros, musica suave ou o meu amado silêncio.
Tem sido difícil acordar todos os dias e tentar ser aquilo que todos esperam! Sinto uma fraqueza física e mental e uma dor inexplicável. É como se tudo de difícil que se passou tivesse ficado acumulado em algum lugar e esse lugar tenha sido aberto derramando tudo. O riso sempre tão fácil, tão presente, torna se raro quase extinto. Em seu lugar uma perspicácia, não natural, que percebe as verdades ao redor. Verdades que, melhor, ficarem desconhecidas.
Quase feliz, hoje cuidei do jardim, abandonado e seco, quase tão seco quanto meu humor. Coloquei flores na janela e acrescentei algumas cores delas em minha alma. Em tempo de Páscoa decidi que a minha passagem é para a paz! Quero muito ter paz! Não quero saber das verdades, a ilusão às vezes é mais feliz! "O bom é ser inteligente e não entender, é como ter loucura sem ser doida". Clarice já escreveu isso um dia e é a exata tradução do que quero.
Nesse momento tenho um grito entalado em minha garganta, um grito que quer ser solto, quer ser reconhecido, grito que pesa, adoece e faz força para se libertar. Grito tão simples. “Por favor, me deixem em paz!”. Quero ter o direito de ser transparente, translúcida, entar e sair a francesa, ser assim meio "Bossa Nova".

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