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terça-feira, 1 de maio de 2012

Rúbia

Rubia, rubro, vermelho, intenso... Minha avó, vó Rubia, apesar do nome não era uma mulher exótica, sofisticada. Era lutadora, forte e de uma alegria inabalável. Trabalhava duro, lavando roupa pra ganhar uns trocados, lavava inclusive lã de carneiro, e colocava cada fiapo branquinho a secar na cerca de arame, os fiapos unidos viravam “acolchoados” quentinhos. Na minha memória, apesar de ouvir falar de sua personalidade forte, não tem uma só frase ríspida, dela tive abraços, beijos no rosto, deliciosos sequilhos, merengues e puxa-puxa. Lembro-me do seu casaco nude com listras marrons de tricô, de seus tricô em ponto folha, que me impressionavam. Com ela aprendi a fazer cestos de palha, coisa que esqueci. Meu cesto nunca passou de uma rodinha. Também não sei mais cantar os lindos hinos que ela cantava lindamente com suas irmãs, Ruthe, Ana e Rosa. Ruthe era o seu reflexo, como ter duas avós, eram gêmeas idênticas. Um tempo lindo e mágico eu vivi naquela casa, sempre cheia de gente. Muito humilde, onde nunca faltou hospitalidade e alegria. Da D. Rúbia herdei a força, a vaidade e a facilidade para o riso e também a facilidade de trocar o nome das pessoas. E, apesar de não cantar de não frequentar a igreja eu aprendi com ela o valor da fé! Dizem que encontramos as pessoas que não estão mais aqui nos sonhos, então, encontrei minha avó e um passado tão feliz, tudo num momento só! Se o sonho é ou não um ponto de encontro? Não sei, mas, é uma bela forma de diminuir a saudade e de manter sempre vivas na lembrança pessoas que foram tão importantes para sermos nós mesmos!

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