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sábado, 29 de dezembro de 2012

Talvez....

Bem ali, pertinho, temos uma breve rachadura no tempo. Vamos atravessar com pompas e circunstâncias o tempo vivido pra um tempo novinho em folha. Todo um ano “novinho”! Resolvi seguir a tradição e repensar o tempo gasto e planejar o uso do tempo novo. Fiz uma lista, o que farei com todo o tempo novo que talvez eu tenha. O talvez é só pra lembra que pra todos, o tempo nada mais é que um... Talvez!


Ser eu mesma custe o que custar e agrade ou não.

Importar-me somente com o que realmente tem importância.

Aprender a dizer não.

Manter-me afastada das pessoas que me desagradam.

Passar mais tempo com as pessoas que me fazem feliz.

Gastar mais tempo comigo mesmo.

Ler mais.

Escrever o que quero, penso, acredito sem me importar com tentativas de censura.

Esforçar-me mais por uma vida saudável.

Ser mais conectada com a natureza e cuidar da vida ao meu redor.

Enfim, tudo o que fiz ou tentei fazer no velho tempo, só que agora com experiência.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Que dia é hoje?

O natal passou e logo vem uma interrupção no tempo, uma chance que a humanidade se presenteia, chamada ano novo. É uma breve pausa, alguns a usam para tomar novos rumos, começar aquela dieta, fazer promessas para si mesmo ou simplesmente ter a sensação de que vai ser diferente. Normalmente volta tudo como era, mas essa pausa e essa esperança de que vai ser melhor, apesar de breve, torna a vida mais leve.


Observar as pessoas e a pressa que as possui é divertido. A impressão é de que realmente precisa-se fazer tudo até o natal, pois o ano vai acabar! Pintam a casam, trocam móveis, aparam a grama, compram presentes, se sentem bondosas e incapazes de gestos ruins, isso tem até nome, espirito de natal! Correm como loucas pra junto com a casa e as árvores “enfeitar a vida” camuflar o que há de ruim. Todos ficam ocupados com tantas despedidas, festas, amigo secreto, tudo porque o ano vai acabar. Não lembram de que na verdade é só um calendário novo, que ainda se ganha no comércio como brinde.

O bom de tudo é que nessa loucura todas as pessoas viajam horas pra ver alguém a quem amam, as casas ficam cheias, as pessoas acham importante dividir sua “alegria” e sentem-se solidárias com quem não pode comprar “alegrias” e por um dia dividem as suas. Por um dia, pelo menos por um dia, a humanidade fica levemente mais humana.

Quem sabe um dia, tomados de humanidade, o “espirito de natal” permaneça? E as férias de verão serão também férias dos maus atos, da inveja e todo tipo de sentimento ruim que alegrias de verdade sejam divididas, que o que é realmente importante tenha a devida importância e que a vida de cada um seja de cada um, enfeitada de luzes próprias à luz da Tolerância. Não precisará mais novos anos, nem rituais todo dia será dia de celebrar a vida!

Para a pergunta: “Que dia é hoje?” haverá uma única resposta, “hoje é dia de louvar ao senhor!”



terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Entre um leão e um colibri.

Meu coração é um colibri, frágil em todo sentido. Mas minha vontade é um leão, férrea! Luta com unhas e dentes. Ultimamente esse leão anda cansado, não quer lutar, quer deitar nas savanas em uma sombra qualquer e dormir infinitamente.


E o colibri anda doído, ferido, descontente! Também quer sossego, bater fragilmente, quase em silêncio.

Entre o Colibri e o Leão existe uma alma velha e cansada, como uma figueira centenária, onde habitam tantos sentimentos quanto na velha árvore habita um ecossistema inteiro. Essa alma velha e assombrada tem resistido a tudo, a todos e a si. Na sua sombra gentil repousam vez ou outra o colibri e o leão e também seres amados ou nem tão amados assim.

Pena que poucos percebam essa grande frondosa e velha árvore, esse leão velho e cansado e o colibri frágil, veem somente um ser humano, tão humano e sem graça. Ferem o colibri, cansam ainda mais o leão e despedaçam a velha árvore, sem nunca perceberem o que tem de bom e de belo em ser assim, único, verdadeiro!

domingo, 2 de dezembro de 2012

Cabelos em pé!

Nada na minha vida foi fácil ou simples. Desde o dia em que nasci. Segundo minha mãe a doparam e ela não me viu nascer, mas meu pai conta que eu era um bebe cianótico que havia passado trabalho para nascer, “parto normal”.


Nasci pobre, meus pais eram bastante jovens viviam de aluguel e de subempregos. Fui um bebe lindo, sorridente e gordinho de cabelos em pé. Minha infância foi pobre, cercada de muito amor e mimos de tias e avós. Meus pais batalharam durante todo o tempo em que minha lembrança alcança. Cresci magrela, sorridente e de cabelos em pé.

Sempre amei dezembro, e esse mês lembra-me especialmente a casa de minha avó Rubia, onde tinha um cheiro de resina de pinheiro, bolas de vidro fininhas e brilhantes e ninhos de barba de árvore aos pés do pinheiro. Lembro-me dos vestidos novos que minha mãe fazia pra mim, da boneca Rita que ganhei da “dinha” Eloá, até de um triciclo verde com os símbolos do zodíaco, que meu pai jurava que o Papai Noel havia deixado em casa. Lembro perfeitamente dos hinos de natal, meu avô ao piano e das apresentações na igreja. Tenho uma foto vestida de anjo em um presépio vivo, um anjo de cabelos em pé.

Os natais não eram ricos, não havia muita comida, nem tantos presentes, havia visitas em camas espalhadas pelo chão, havia brincadeiras até mais tarde, havia uma emoção que se podia sentir pelo ar. Eu tive natais ricos de fé e amor, amo o natal!

Mais tarde o natal passou a significar ficarmos sem minha mãe, que era plantonista no hospital, não havia ceia, íamos ao culto eu, meu pai e meu irmão bebê em uma bicicleta verde de rodas imensas. Gostaria de ter ainda aquela bicicleta! Depois passávamos no hospital pra ver minha mãe. Nesse tempo já tínhamos casa própria e minha mãe fazia pastel e torta recheada de pêssego e comprava um engradado de guaraná de garrafa. Pra mim eram iguarias! Sempre senti falta da árvore de natal, na minha casa nunca teve.

Virei adulta e como meus pais tive filhos ainda jovem e foi trabalhoso mantê-los alimentados, vestidos, saudáveis de corpo e espirito. Apesar de pouco dinheiro, sempre tivemos uma ceia de natal, uma árvore com presentes. A árvore era um galho de pinheiro e os enfeites feitos de papel camurça. Não sou muito de ir a igreja, os cultos não são mais na véspera e sim pela manhã, sou dorminhoca e Deus sabe. Mas consegui durante a minha vida, que repito não foi fácil, manter aquele sentimento de criança! Ainda amo dezembro.

Estou envelhecendo, continuo sorridente e de cabelos em pé, hoje domados pela química. Sou avó e tento repetir e repassar a minha neta o verdadeiro significado do natal. É claro que com luzes, árvore, enfeites, presentes, ceia e tudo que o mundo do consumismo vende como felicidade. Ainda é difícil a vida, nada vem fácil, minha teimosia me impulsiona e me mantém.

Dificuldades atrapalham, fazem sofrer, envelhecem, diminuem nosso tempo, mas não nos impedem de ser feliz! Ser feliz também não nos impede de chorar de sentir tristeza e dor. Ser feliz pra mim, conceito particular, é fazer uma leitura da vida que temos e conseguirmos tirar dela o máximo. Faz parte da nossa felicidade, vermos os nossos, felizes. Nem que para isso precisemos engolir o choro, trabalhar até o limite e o principal nunca esquecer o que realmente tem valor, estarmos juntos.



domingo, 25 de novembro de 2012

Sombras




É bonito aqui,


Pra todo lado que se olha um arranjo de troncos e folhas, desenhos de sombra e sol. Um som de água deslizando nas pedras preguiçosamente, cantos de pássaros aqui, ali, lá e ruído de insetos.

O sol vem até minha cama e acaricia minhas pernas em um convite languido a preguiça. Tudo em volta assemelha-se a perfeição. Mas hoje me sinto triste, a beleza não me toca. Respirar dói! Motivos? Todos e nenhum. Não precisa motivo, a tristeza tem um lugar cativo em mim. Toda vez que paro e me percebo, ela vem e invade.

Em momento como esses tenho vontade de sair por ai, sem um destino certo. Vontade de não ser eu, de me desconhecer. Sempre tive essa estranheza com as coisas do mundo e com as pessoas. Normalmente confundida com arrogância. Não sou arrogante, gosto do simples, e gosto de privacidade. Poucos são os que verdadeiramente me invadem. Prefiro assim, as pessoas sempre põem muita expectativa sobre o outro. É difícil realizar expectativas.

Ser feliz e fazer feliz consome muita energia, melhor dedicar-se a poucos. Ser triste é mais fácil, quase ninguém gosta de pessoas tristes. Eu acho irritantes pessoas muito felizes, muito bondosas, muito queridas, pessoas muito me deixam cansada. Eu sou quase sempre feliz, com recheios de tristeza e cobertura de bom humor. Mas, tenho inclinações a irritações repentinas, respostas azedas, frases cínicas e sempre, sempre predomina em mim o sarcasmo. Tenho verdadeiras patologias sentimentais, mas estive pensando que elas são o que há de melhor em mim. Eu seria muito sem graça não fosse obsessiva no que faço. Se não compulsiva teria ideias imediatas e loucas? E minhas rizadas existiriam, meu choro... Não seria sem graça, mais aceita, talvez mais amada, mas absolutamente comum.

O sol vai indo devagar, as sobras debruçam sobre mim e o farfalhar parece querer contar alguma coisa. É... É bonito aqui!

domingo, 18 de novembro de 2012

Estranheza

Momentos estranhos vividos ultimamente. Impressão que atravesso a vida me equilibrando sobre um fio. Às vezes balançando, às vezes na ponta dos pés e ali, logo ali uma enorme plateia. A cada balanço, posso ver a reação de cada um, os que torcem por uma queda, os que temem por mim, os que querem me dar à mão. Mas, de certa forma me sinto inalcançável.
Esse fio por onde ando me parece inevitável, preciso andar sobre ele até o final. E onde é o final? Não sei. Mas passo o tempo me equilibrando, balançando entre sentimentos. Tudo é confusão, e o que era certo já não mais parece ser.
Penso que esse fio é na verdade a linha da vida. Talvez, o momento vivido, como todos, não planejado, me traga insegurança. Algo me impele a seguir, como se tivesse os olhos vendados, sem a mínima ideia de quando o fio acaba e o que tem no seu final, ou mesmo se tem um final.
Sigo, porque sou um ser andante. O medo eu guardo, levo um sorriso firme para usar quando necessário à palavra e o silêncio são armas de defesa.  A solidão e a tristeza são companhias quase constantes. Ser triste nem sempre é ruim, ser triste prova que você é humano, que se comove, sente! E a solidão às vezes é bem vinda, prefiro a “personas não gratas”. Gosto de poucas pessoas, e a estas entrego a minha alma. Não quero ser amiga de todos, não tenho pretensão de ser popular. Gosto da discrição de um pequeno mundo particular! Não me precisam entender é só me deixar seguir!
Meus momentos estranhos são meus momentos! E divido com quem acredito que deva. A estranheza é parte do que sou uma daquelas criaturas que vivem ao lado, sempre ao lado, nunca no centro, nem em frente. Criaturas que não pertencem!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Pessoas Cigarras!

Gosto de ouvir as cigarras, principalmente as “cigarras do natal” o canto me faz lembrar, calor, festa com a família, férias...  Gosto de fechar os olhos e ouvi-las estridentes anunciando a chegada do verão. Imagino que depois de passar tanto tempo sob o solo deva ser um espetáculo ver a luz, sentir o calor e ainda poder voar!
Aqui da janela, se bem atento, pode-se observa-las subindo pelo tronco da árvore, ficar imóvel até trocar o velho esqueleto por um novo, lindo com asas brilhantes. São muitas em um mesmo tronco, o canto chega a ser ensurdecedor. São os machos fazendo sua serenata para seduzir uma fêmea.
Penso que às vezes é preciso ser cigarra, sair do lugar onde está, nem que para isso, precise cavar um túnel e correr o risco de, na luz, ser devorado por algo maior. Mudanças requerem coragem e nem sempre são bem aceitas por quem está em volta. Mas se a recompensa for um grande voo iluminado, vale a pena... O risco, a critica, as perdas...  Liberdade de ser!
Acredito que se perde muito tempo sendo o que o outro quer, o que a sociedade exige, o que mais convêm a uma certa posição social, o que é mais fácil e cômodo pra todos. Acaba-se não sendo. Não de verdade, não o que se quer, não o que lhe faz bem, não o que lhe faz feliz, o que é correto com sua alma.
SER de verdade é mais difícil, agrada a poucos, incomoda quem está à volta. Mas, trás uma sensação de querer-se bem, um certo “que” de liberdade, uma centelha de razão quase insana, um orgulho meio bobo de não ter medo. E o melhor, é saber que quem gosta de você é de você que gosta, não do ser cuidadosamente projetado a ser mostrado para agradar.
Sinto-me meio cigarra, fiquei por tempo no escuro, fazendo o que esperavam de mim, mais por comodismo do que por medo. Um dia, cansei. Sai do lugar cômodo onde estava, gritei estridentemente o que realmente pensava e me senti leve! Posso não ter lindas asas brilhantes, mas meu pensamento voa livremente!