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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Não só a Justiça é Cega


Tenho arrepios quando ouço falar em novos métodos na educação. Não me entendam mal, não sou avessa a novidades, pelo contrário, sou a favor e muito, de mudanças, de experimentar o novo! Meu medo é o que tem por traz “do novo” sempre com uma bela propaganda, tudo lindamente ilustrado e jogado lá, na “velha” escola em cima do “velho” professor, que tenta de todas as maneiras transformar aquilo que não entende direito em um sucesso. E o pior, é que isso ocorre numa espécie de ciclo, em média a cada quatro anos, aparece um novo slogan e um “novo método” que promete revolucionar.
O novo método pedagógico do ensino médio vai chegar, dividido por áreas ciências exatas, ciências humanas e ciências naturais. No Rio Grande do Sul as coordenadorias já estão prontas de cada linha o aluno vai estudar aquilo que ele pretende fazer no futuro, ele terá a escolha. Mas aqui quando chegar vai ser colocado goela abaixo como sempre! Depois é só ir para RBS e ficar se exibindo com o índice do IDEB.
 Os professores passaram mais de um ano escrevendo, publicando e postando fotos sobre a precariedade da escola e de todo o sistema de educação pública. Mas, foi preciso uma estudante ir lá e falar, de alguma forma me pareceu que os professores ainda ficaram de vilões da história. E ainda temos que ouvir essa nova campanha "Todos pela Educação". Gostaria de saber qual é a noção de "todo" que os governantes têm? Muito fácil empurrar a responsabilidade para os pais e sociedade. É fácil ver o óbvio, a sociedade em geral, família, professores, são partes fundamentais, mas a parte mais falha está na forma como a educação vem sendo conduzida. Está no fato de não ser a Educação o principal objetivo, na falta de seriedade, na falta de investimento, na absoluta falta de respeito dos governantes para com os funcionários do magistério. Sem bons professores não se faz educação de valor. Sem remuneração digna, quem quer ser professor? Usar como isca bolsas pra licenciatura, não irá atrair bons professores. Não basta um licenciado, é preciso ter vocação! Não há universidade que prepare um ser humano para a diversidade que ele irá encontrar em uma escola. Para educar primeiro temos que nos apaixonar, depois sim, aquilo que aprendemos na universidade poderá ser divido com o outro. Mas, o amor em uma escola com goteiras, contas atrasadas, filho precisando de roupas, ônibus lotado, excesso de trabalho, morre! Torna-se  um sentimento pequeno, medíocre, mesquinho, ressentido.
Havia jurado a mim mesmo, não escrever mais sobre educação, não enquanto fosse para falar do ruim, para reclamar. Foi impossível, nas ultimas semanas ouvi bombardeios de absurdos, nas propagandas políticas e suas promessas repetidas e notoriamente falsas, nas redes sociais, nos tele jornais, no rádio, nas conversas de colegas mal informados, parece-me um complô contra o meu propósito. Então, “porque há direito ao grito, eu grito...” Porque é tão difícil ver o que está estampado na cara? Qual a dificuldade em saber onde está a falha no sistema educacional desse país? Dizem que a justiça é cega, o amor e cego, eu digo: A educação também!

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