Hoje não trabalhei pela manhã acordei mais tarde quando já não era frio. Sentei ao lado da janela numa piscadela de sol com uma xícara de café com os olhos grudados no quintal, todo desfolhado pelo vento. A ilha verde esta em tons de dourado e marrom. As árvores sem folhas, assim, nuas tem algo de poético. Não é a beleza exuberante e verde de sempre, mas, é melancólico, nostálgico de uma beleza levinha!
Espichando mais o olhar e prestando atenção nos sons, vejo meu pai com a menina que mora ali, no telhado, juntando os grãos de café que o vento rebelde e raivoso, arrancou dos galhos. Com toda calma ele explica que só podiam colocar no cesto os grãos vermelhos. Porque os vermelhos estavam maduros e doces e dariam um saboroso café, os grãos verdes teriam que jogar fora porque amargam.
Essa visão me fez lembrar meu avô Pedro, em outro tempo sentado também em um banquinho juntando os grãos de café do chão, com aquela sua paciência sábia e aquela bondade, honestidade e humildade que fazia a gente ama-lo assim de mansinho.
Pensei: Como eu tenho sorte! Observo as várias gerações “do ciclo do café” uma tradição familiar, transformar os frutos em um pó do qual se faz uma bebida saborosa e encorpada é uma arte. Eu vejo os cafezeiros em flor, branquinhos como se tivesse nevado sobre eles e a noite o perfume entra em casa pela janela, doce e suave. Logo as flores são substituídas por grãos verdes que vão pouco a pouco ficando vermelhos e doces. Posso ver meu pai colhendo o café de pé em pé e juntando os grãos que caem de maduros. Depois ele seca os grãos ao sol, leva ao moinho pra descascar. Antes, no tempo do meu avô os grãos eram pilados em um pilão. Depois os grãos são torrados em uma torradeira giratória numa fogueira feita no chão, exalam um cheiro tão bom de café pelo ar, é um dos melhores que já senti! E cada um aqui na ilha verde, mói um pouco enquanto tomamos chimarrão. Em um moedor manual, de ferro, tão antigo quanto a tradição de moer o próprio café.
Quem vem à ilha verde na casa de meus pais, pode saborear desse café com os deliciosos quitutes da Dona Dircinha, que cozinha como ninguém, e cuja comida por mais simples que seja tem gosto de amor. O café da ilha verde só existe aqui, e o sabor e o perfume é um presente aos sentidos!
Saudade quando iamos brincar e o Vô Pedro ficava de olho, nao podiamos mecher nos pés de cafe, nem arrancar os graos que nao estavam maduros pra fazer comidinha de boneca rssss, ohhh que saudade.
ResponderExcluirMinha querida, só tu para por em poesia, a beleza do dia a dia e ainda trazer a memoria lembranças tao simples mas felizes ha tanto guardadas. viraste a fada da ilha verde?