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sábado, 2 de julho de 2011

Real e Imperfeito


Anna agora vivia sua vida real, ainda morava em um lugar pequeno e calmo e continuava só, muito mais só do que antes. Sua companhia era a solidão e as dores reais de uma vide real. Eram dores etéreas, um imenso vazio e a consciência de sua realidade! Uma realidade pisada, pobre de coragem e de opção!
Ela agora tinha um amor real, não era bonito, nem perfeito. Mas existia, era intenso, carnal sensual. É claro que não era um amor comum, a pessoas como Anna não é permitido um amor assim. Também não é um amor platônico, pelo menos não o que popularmente chamamos platônico, já que não é correspondido nem sabido pelo ser amado... Tão pouco o amor descrito por Platão, amor perfeito. Não. É totalmente imperfeito como são todas as paixões e todos os sentimentos intensos que nos roubam de nós mesmos. Podemos chamar esse amor de... Segredo.
Amava em segredo, passava o tempo imaginando o que ele estaria fazendo, se gostaria da roupa ou perfume que usava ou da forma como penteava os cabelos. Qual reação teria ao vê-la nua em frente ao espelho, como seria acordar em seus braços... Enfim, não era mais Anna, era a imaginação do que seria o seu amor se soubesse ser amado!
Quando o via ou ouvia sua voz voltava à vida, antes não, estava em latente estado de espera. Em sua presença, respirava o som de sua voz, seu corpo inteiro tornava-se consciente da presença dele, sua alma alimentava-se de cada sorriso, cada palavra! Então ela era feliz, tão e tanto que transbordava. Agora não mais em lágrimas transbordava em êxtase!
Mas a um amor assim, não se faz exigências, não se espera troca, só ama e pronto. Quando ele se ia, tomavam seu lugar a tristeza e o grande vazio, que não era assim tão vazio porque trazia dentro de si dores etéreas e toda a consciência da fragilidade e da solidão. Rendia-se então a essa fragilidade e a solidão em troca de amar, em troca de sentir-se ela mesma, Ana, plena em todas as suas possibilidades.
No mundo real o tempo é imperioso contado em segundos e vai passando por Anna, que hora é vida, hora é angustia e segredo, hora é solidão. Não consegue revelar seu amor, nem mesmo baixinho, nem por escrito. De todos os sentimentos que têm o mais real é a covardia. Não tem coragem de revelar seu amor. Teme perder o olhar desinteressado, a risada cordial, a voz afável e receber um sorriso de escarnio. Teme perder as batidas do seu coração, a garantia de sua existência. Então, entrega ao seu amor a única coisa que realmente é sua, a solidão!

Um comentário:

  1. que fique claro que o amor não pode ser o que não é!
    http://youtu.be/THGO65szumI < assista

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