Pela primeira vez, nesta greve, a espera é pela quarta feira. O que será decidido em assembleia?
Foi preciso à invasão na secretaria da educação, a ameaça dos pais de entrarem na justiça para que então, só então, o governador ouvisse os professores. Passei o domingo esperando a proposta do governador e até o momento analisando e lendo, tudo o que foi escrito a respeito. Confesso que não consegui ainda me posicionar diante da situação, se devo ou não ser favorável à volta para sala de aula.
Caso seja favorável, não é porque acredite que houve avanços. Não. No meu caso pessoal, tive perdas, de todos os tipos, as perdas financeiras, o desgaste emocional e por fim e mais importante a perda da fé, aquela fé inocente de acreditar, em quem governa. Acreditar nas leis, acreditar que
o que é justo prevalece. Caso decida voltar é porque realmente cheguei à conclusão de que não adianta, que estou perdendo o meu tempo, nadando contra a corrente.
Não considero tirar a “sujeira” debaixo do tapete, perder direitos garantidos, levar a público minha miséria, um avanço! Para isso, eu poderia ter ficado em sala de aula, falar aos alunos, escrever, postar na internet, poderia discursar nas reuniões de pais. Não é preciso uma greve como essa para “limpar” a casa.
Minha natureza é contra gestos bruscos, contra invasões, contra falar no meu salario e reclamar da minha vida em sala de aula, é a primeira vez de estou em greve e de acordo com a greve. Mas minha natureza sofre e é de se rebelar contra as injustiças! Por isso aplaudi cada gesto dos grevistas, passeatas, panelaços, acampamentos, invasão e até mesmo algumas vaias! Foram manifestações legitimas e democráticas, de quem, quando educado nunca é ouvido.
Talvez eu me decida por continuar em greve. Por egoísmo? Também. Já escrevi que acho necessário certa dose de egoísmo a sobrevivência. Esta na verdade seria a decisão que me faria sentir mais confortável comigo mesma, menos covarde, mais correta. Não costumo brigar, nem mesmo discutir. Mas também não sou de desistir de algo em que acredito. E acredito que o que os professores do estado de Santa Catarina estão sendo injustiçados, humilhados, roubados e ainda acusados por estarem lutando pelos seus direitos!
Em todos os textos que escrevi sobre a greve, me referia a não haver vencedores nem perdedores, mas agora quero deixar bem claro que, se eu voltar agora para sala de aula, sou uma perdedora! Fui derrotada naquilo que tenho de mais caro o dom de acreditar nas pessoas e o orgulho de ser catarinense.
De bom, dessa experiência eu fico, com a certeza da importância da minha profissão, a sensação de dever cumprido por ter entrado no movimento e não desistido, a compreensão da fragilidade de uma categoria como a nossa diante do poder público, a necessidade de conhecer melhor a leis e de quanto eu preciso repensar meus votos nas próximas eleições!
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