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domingo, 4 de setembro de 2011

Charlote


Na entrada da casa amarela tem um canteiro, onde normalmente planto boca-de-leão. Como moro no meio de muitas árvores, é preciso de vez em quando tirar as folhas que ficam em meio ao canteiro para que elas não sufoquem as plantinhas. Limpando esse canteiro, em um grande susto, descobri uma moradora, uma aranha avermelhada... Figura ameaçadora!
Não posso deixar de contar um detalhe... Por muito tempo tive fobia de aranhas, de todos os tamanhos e cores, e também das teias. Fobia só superada após aulas de zoologia, onde fiquei meses, debruçada sobre livros e aranhas (em espécie) estudando-as, no curso de Biologia.
O medo foi substituído por admiração, respeito e cuidado. Passando o impacto desse primeiro encontro, passamos a ter um relacionamento de mútuo respeito.
Então, depois do susto, passei a limpar o canteiro com luvas, delicadamente empurrava Charlote, pra lá e pra cá. Não falei? É, dei nome a ela, achei que charlote é um nome bem apropriado para uma aranha tão sofisticada, vestida de veludo vermelho.
Atrevida, Charlote não se contentava em ficar só no canteiro, subia pelas paredes da área para se alimentar a noite. Pela manhã sempre estava por ali, com aquela preguiça de aranha. Pacientemente eu a empurrava de volta para o canteiro. Pessoas não costumam ser muito simpáticas com as aranhas, era melhor pra ela, ficar no canteiro escondida.
Resolvi fazer uma faxina, chamei uma mulher para lavar as janelas, paredes e forro, que depois do inverno costumam acumular poeira e mofo. Ela ficou em meio a baldes vassoura e bolhas de sabão enquanto eu fui para as minhas aulas. Ao chegar fui recepcionada com um grande sorriso, e a mulher se achando a maior heroína, contando que havia encontrado no canto da parede uma aranha terrível, venenosíssima!
A surpresa: Lá estava Charlote! Esmagada no chão... Seu lindo vestido aveludado e vermelho todo rasgado e algumas de suas “pernas” elegantes espalhadas em volta. Fiquei tão triste! Peguei aquele corpinho em migalhas e coloquei de volta no canteiro! Adeus Charlote!
Não preciso contar que atrás de mim havia um par de olhos esbugalhados que pareciam dizer: Maluca!

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