Conheço um pastor, diferente de todos os outros pastores! É um Pastor de estrelas mortas.
Mora muito, muito, distante daqui e vive solitário e mal humorado. Pode-se dizer que tem um mau humor de um urso faminto. Fica lá observando suas estrelas mortas, sempre à distância, ele não as vê, não as conta. Imagina e calcula a sua existência. Dia e noite entre contas, gráficos o seu estranho rebanho.
Acho poético calcular “sei lá o que" das estrelas mortas, as mesmas estrelas do meu céu aqui da minha ilha verde. Pra mim são estrelas que ainda brilham, e não só recordações de estrelas que já se foram. A matemática das estrelas que me interessa é só aquela antiga e infantil de apostar quem conta mais estrelas.
Não gosto de lembrar que muitas das estrelas que vejo agora estão mortas. Isso me faz pensar na finitude de tudo o mais... Preferia acreditar que estrelas são infinitas, impossíveis de contar e que infinita é a sua vida.
Pulsares! Lindo o nome pelo qual algumas estrelas mortas são conhecidas. Antagônico até, pulsar lembra vida! Vida pulsante, coração! Um pulsar é uma estrela de nêutrons girando rapidamente, o que corresponde ao coração de uma estrela massiva que explodiu desmoronou como uma supernova no final da vida.
O pastor de estrelas mortas ouve Jazz, será jazz a música das estrelas? Sei que sua música rivaliza com a das baleias. Que em seu interior reverberam fragores, trovões sibilam agudos lamentos que formam uma sinfonia de sons. São essas ondas acústicas que fazem com que as estrelas se comuniquem umas com as outras permitindo que ela encontre o estado de equilíbrio. São as ondas acústicas responsáveis pelo tamanho, forma e brilho, assim, ela compensa a energia que escapa continuamente de sua superfície.
Pensando, aqui observando o céu, talvez o urso mal humorado não seja, na verdade, um pastor de estrelas mortas e sim um maestro!
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