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quarta-feira, 18 de maio de 2011

Somos Dom Quixote.

Meu bisavô foi o primeiro professor daqui, lugar distante, pequeno com pouca gente. Hoje ele é nome de uma pracinha, pequena mais parece um cruzamento. Tive uma tia avó, que também foi professora. Minha tia, que era uma pessoa tão especial, foi professora. Hoje ela é o nome de uma escola. Meu pai não foi professor, não por não ter tido condições de estudar, mas trabalhou a vida toda em uma escola, ensinou, educou e dividiu sua vida entre a família e os alunos, ele amou e ainda ama aquela escola. Meu irmão podia ser engenheiro, chegou a começar, não resistiu, é professor. Eu sou professora. Por isso acredito que ser professor não é simplesmente uma escolha, um dom é uma sina, uma saga que temos que cumprir. Somos como Dom Quixote em uma luta apaixonada contra os moinhos de vento.
Professores reclamam. Reclamam sempre, da vida que levam, da má remuneração, da carga horária em excesso, por ter que trabalhar muitas vezes em mais de uma escola, pelo desrespeito dos alunos, pela falta de apoio dos pais. Mas porque não largam tudo? Porque não partem pra outra? Alguns por falta de opção, outros por falta de coragem, mas a maioria por Paixão! Estranho? Nem tanto, ser professor é algo apaixonante.
Nas veias de um professor, também corre sangue ele também comete erros e acertos como qualquer profissional, mas sobre suas costas ele carrega toda responsabilidade do que será o mundo. Os caminhos a ser seguido, o bom profissional, o cidadão correto... Em grande parte é responsabilidade do professor. Além dessas responsabilidades há de dar conta de colar os coraçõezinhos partidos dos filhos de uma família desestruturada, ouvir as mães desesperadas por não conseguirem mais educar seus filhos, resolver a sexualidade dos adolescentes os envolvimentos com drogas... Enfim, sobra tão pouco tempo, para ser professor!
Hoje, os professores, estão menos criativos, menos politizados, menos críticos, estão doentes! Estressados, deprimidos, com problemas, nos ossos, na coluna, principalmente doentes de alma! Há tempos, não se ouve um muito obrigado professor! Há tempos ouvimos os gritos dos filhos e as criticas dos pais.
Mas continuamos, estamos lutando isso porque acreditamos! Isso porque estamos cumprindo nossa sina, porque é difícil esquecer uma paixão! Mas de verdade? Queremos ser tratado com dignidade, receber um salário justo, trabalhar um tempo justo, sermos realmente professores! Nem ligamos se vamos ser nome de praça ou de escola, queremos ser reconhecidos agora, queremos um sorriso de gratidão, queremos dizer “sou um professor”, e que a pessoa ouvinte saiba o quão importante foi e é um professor na sua vida e na vida de todos.

2 comentários:

  1. Muito bom!!!! Muito bom o teu blog tita! Está aí uma verdadeira Poeta e escritora do cotidiano. E olha que jáouvigente famosa dizer que o cotidiano não é fácil de ser escrito. Ao ler seus posts fiquei viajando pela casa do Tio Hugo e da Tia dircinha e lebrando saudosamente de toda esta família que eu amo.

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  2. Parabéns, Patrícia!
    Mais um texto incrível.
    Continue com estas narrativas.
    Com essas poesias.
    Até!

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