Pages

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Em Oz?


Um dia a mais, uma semana a mais e paciência de menos!
Leio as manchetes e fico como um boneco “João Bobo” sorrio, entristeço, sorrio, entristeço!... Parece loucura, em uma mesma semana as coisas andam pra frente e pra trás, pra frente a pra trás. Fico pensando... Estou insana ou o mundo enlouqueceu!
No início a greve lembrou-me uma história poética, poética, gloriosa, por idéias e ideais! Agora parece uma fábula louca! Não somos Dom Quixotes! Somos “Dorothys” perdidos em um mundo louco e tentando voltar pra casa, nesse caso para as escolas, e nem temos sapatos mágicos.



Temos sim, um leão, no caso, Colombo, um homem muito bom em falar em público, convencendo e persuadindo pessoas sobre suas idéias antes das eleições, mas que na hora de tomar uma atitude provou não ser realmente como parecia, vive viajando e nunca está para negociar ou decidir; Um espantalho sem cérebro, esse representa nosso secretário de educação, que até agora so soube colocar os pés pelas mãos, nunca vi uma pessoa tão desinformada do cargo que ocupa. E, por fim, o Homem de Lata, sem coração representado por Eduardo, nosso vice-governador, esse, fica lá na sombra sem sujar seu partido ou suas mãos! Não está nem ai! Vou poupar Deschamps, mal ou bem tem trabalhado, e muito. As bruxas do oeste e do leste podem ser Luiz Henrique e Paulo Bauer, que tem uma grande responsabilidade em toda essa poca vergonha. Tem uma bruxa da ilha que não tem em Oz, mas existe em Florianópolis, amedrontando diretores e assistentes de educação. Preciso citar o nome?
É isso, estamos todos perdidos, nas mãos de pessoas que não estão nem ai! E ainda vem com discurso de preocupação com alunos catarinenses e pressa de volta as aulas, ou de estar aberto ao diálogo, quando recorre na ação de ilegalidade da greve afirmando que é um precedente ináceitavel!. Alguém mais acredita? Para!
E parece que está tudo normal, os presos fogem vira escandalo. Marcha em favor da legalização da maconha, manchete. Neve em todos os jornais. Milhares de alunos em casa, uma sequência de desmandos, trapalhadas, reuniões marcadas que não acontecem, decições não decididas... E? Nada!
O que temos que fazer para que essa situação se resolva? uma fuga em massa? Sair pelas ruas defendendo algo que escandalize as pessoas mais tradicionais? Nevar não dá! Já fizemos cartas, e-mails, monções, passeatas, panelaços, recorremos a justiça, missas, velas, bençãos... E? Nada.
Esqueci-me de um personagem, tão importante quanto a Dorothy, o mágico! É isso precisamos encontrar um mágico! Urgente!

terça-feira, 28 de junho de 2011

Enquanto isso no telhado...



Mel, a menina que mora no telhado, na ilha verde, é bailarina e fada.
Ainda não tem quatro anos e como toda criança tem grande preocupação com o mundo e sua população, diga-se que o seu mundo são alguns poucos quilômetros e a população ela conta nos dedinhos.
Assim, muito preocupada, desce do telhado onde mora, senta no meu sofá com a cara mais preocupada que consegue manifestar e com as pernas cruzadas a mãos no colo, pergunta:
- Porque hoje é dia de mãe trabalhar, pai trabalhar e não é dia de vó trabalhar? Nunca mais é dia de vó trabalhar?
Encurralada! Sempre assim que me sinto, quando ela senta daquele jeito e me olha com aquele olhar sério de quem sabe muita coisa.
- É hoje é dia de vó trabalhar. Mas, estou em greve.
-ah tá!
Ufa! Achei que não seria tão fácil!... E não foi.
Levanta, dá umas piruetas, preocupa-se novamente, testa franzida:
-O que é greve?
Ai! Agora me senti realmente numa enrascada.
-Olha só! Você percebeu que na escola grande ao lado da sua nunca mais teve aulas? Então, os professores não foram mais ao trabalho. Isso é greve.
Mais piruetas, mudança de lugar e...
-Por quê?
Porque, sempre os infinitos porquês.
-Porque (suspiro), Um titio grande e mal ficou com o dinheiro dos professores deixando eles tristes, muito tristes! E eles resolveram, como castigo, não trabalhar mais para esse titio.
-Huuumm. Como ele chama? Você me mostra no seu “computadorrs” a foto dele?
-Colombo, esse é o nome dele. Mostro outro dia eu mostro.
Pula do sofá, vai correndo no baú de brinquedos, mexe e remexe e volta triunfante com um coelho branco preso a um cordão.
- quero ver a cara dele, vou conversar com ele - diz ameaçadora- se ele não devolver o dinheiro vou bater nele com esse coelho! Não fique triste ele vai devolver tudo, tudinho!
E lá vai... Correndo e fazendo piruetas, está tudo resolvido, justiça feita!... Volta pela manhã, no dia seguinte:
-Me mostra...
- Mostra o que?
-A foto do titio do mau.
Sou obrigada a mostrar, ou não terei paz à manhã toda.
-Vê é este.
Faz uma cara pensativa, morde o lábio, sacode o coelho...
-Ele sabe onde moro? É que eu tenho um dinheiro guardado.
Depois de saber que o Titio mal mora em outra ilha bem longe desta, ela volta para o telhado, com a certeza de que o seu tesouro está seguro! E eu fico aqui, pensativa... E o meu?

Realidade Inventada

Anna morava em um apartamento pequeno e confortável, num bairro calmo de uma cidade também pequena. Não conhecia os vizinhos, não tinha amigos, nem mesmo um gato. Ela tinha um companheiro, imaginário e perfeito!
Era muito competente no trabalho, simpática com os colegas, mas sempre distante. Para os moradores do bairro parecia uma pessoa feliz, com uma vida perfeita, bom emprego, boa casa, bom marido.
Às vezes, Anna se percebia só, sua imaginação falha deixava brechas e ela percebia por uma fresta de lucidez que seu mundo perfeito era falso. Quando isso acontecia era tomada por uma tristeza profunda e lagrimas vinham como enxurradas, afogando tudo. Ao amanhecer ela vestia suas roupas coloridas, de uma alegria falsa, distribuía sorrisos falsos, cumprimentos falsos e vivia mais um dia de sua “feliz vida perfeita”.
Seu companheiro imaginário, como era imaginário, adivinhava seus pensamentos! Estava sempre lá esperando para fazê-la feliz! Riam juntos, cozinhavam juntos, ouviam musica juntos e se amavam, sempre em silêncio! Porque imaginação não e muito dada a falas!
O tempo em uma vida imaginária é diferente passa e não se vê! Não se conta um tempo imaginário em relógios ou em folhas de calendário, não há dias ou ano. Há ocasiões! Não pense que uma pessoa que vive uma vida imaginária é distraída. Não! Precisa estar atenta... Qualquer mudança, gesto, palavra pode abrir brechas de lucidez. É difícil colar novamente as brechas!
Não é possível precisar o que, ou porque, Anna passou a se sentir só, seu companheiro imaginário, nunca estava, as brechas de lucidez se abriam a todo tempo! Ela as fechava todos os dias amorosamente! No outro dia, lá elas estavam abertas novamente. Até que não conseguiu mais, procurou seu companheiro, pediu ajuda, mas além de calado ele já não a ouvia! Ela viu o tempo! O tempo real, a vida real! Percebeu que vivera quase toda sua vida numa realidade inventada! Mais uma vez chorou, pela última vez chorou!
Ao amanhecer vestiu roupas sem cor de uma tristeza verdadeira, passou pelas pessoas e não as percebeu, carregando uma mala vazia. Deixou para trás toda a sua vida perfeita e imaginária. Não se carrega imaginação em malas. E foi embora! Viver uma vida imperfeita e verdadeira!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Distanciamento!

O que temos de novo?
Passei o final de semana esperando esta, que parece ser a definitiva semana!
Corro pra ler, ávida por novidades... Reuniões! Reuniões e o que foi decidido? Nada.
Dentro do meu jogo imaginário previ 45 dias, 40 já se passaram, match point! dias decisivos. Mesmo nada sendo decidido, e de particularmente sentir certo distanciamento, não que eu tenha desistido, não! Mas, de certa forma perdi o interesse. Sinto que é o final!Atitudes terão que ser tomadas logo, não! Já. Todos terão que ceder.
Quando leio em algum lugar que os professores lutam apenas pelo dinheiro, imagino o que é realmente dinheiro para essas pessoas, acham que um piso salarial de 1187,97 realmente é o único motivo de termos parado? É claro que dinheiro é importante, necessário. Nos dias de hoje ele é vital! Mas não se compra uma briga tão grande por 1187,97, não se dá a cara à tapa sabendo que no final da sua carreira, após 30 ou mais anos de serviço muitos nem dobram o valor inicial. A briga foi pelo reconhecimento de um direito, pela valorização de um serviço prestado. Foi um desabafo, um grito de socorro! Sim, é uma vida, não, várias vidas! Todas de espera, angústia e decepções!
Não foi bonito ver todo esse falatório, toda sujeira de debaixo do tapete exposta... Mas isso foi superado pela beleza da união, da organização, do renascimento de uma classe, de saber que de tudo isso ficará o exemplo, algumas reformas, melhorias na educação, talvez e principalmente o olhar!... Agora atento. Educação é prioridade, educadores tem vontade própria, são capazes e lutam!

domingo, 26 de junho de 2011

O Verbo.



Esperar...
Ultimamente esse é o verbo fremente em minha vida,
Acordo e espero! Espero que alguém se importe, espero que alguém se comprometa. Espero uma má notícia, uma boa notícia, espero um e-mail, uma reunião. Espero o desconto na folha, à devolução do dinheiro, folha suplementar, espero que meus colegas não desistam, espero não desistir...
Não sou a única a esperar, vejo muitos... Pais, alunos, professores, esperam o final da greve!...O Governador espera apoio dos deputados que esperam que o Juiz decida que espera que o governador reflita que por sua vez conta com o nosso DESESPERO!
Com todo esse tempo que tenho agora, percebi que a minha espera se iniciou junto com a decisão de ser professor. Esperei um concurso, esperei o estágio probatório, esperei o acesso no plano de carreira, esperei ser valorizada. Esperei que, efetiva, teria reconhecimento e segurança, teria a minha carga horária garantida. Não foi o que aconteceu! Fiz outra licenciatura, outro concurso, especialização... Nada! Vivo esperando as “normativas”, as regras do sistema que preenchem a minha carga horária como bem lhe provém, sem importar se esse ou aquele professor se identifica com a disciplina ou com o assunto a ser trabalhado naquela turma. Vi o piso salarial como um reconhecimento pequeno por todo tempo de dedicação a minha profissão. Mais dois anos esperando que a justiça considerasse que isso era sim um direito. A justiça reconheceu o governo não!
Resolvi não esperar mais, “cruzei” os braços, fui às ruas, reuniões, enviei e-mails, li, me informei e quase me tornei uma “ilegal”. Por um triz! Teria lá na minha história de professora: “foi uma grevista ilegal!” Estou cansada, confesso! Essa informação toda, esse “banho” de realidade me deixou um tanto enojada. Até o momento, estou com a mesma carga horária excessiva, com menos dinheiro, mais endividada, mais indignada e ainda com a certeza de que vou ficar aqui esperando de “braços cruzados”. ESPERO que não por muito mais tempo!
Hoje? Estou aqui esperando... Esperando a segunda feira! Quem sabe? Pode ser que alguém se comprometa, tome as rédeas e FAÇA!

sábado, 25 de junho de 2011

Absoluto Tédio

Ultimamente, parece que minha vida é feita de sábados!
Isso me inquieta. Nunca gostei de sábados, eles quase sempre significam tardes longas, solitárias e pensativas. Gosto da minha companhia! Mas, ficar muito tempo assim exposta a mim mesma me trás ansiedade. Porque sou assim meio descabida, controversa, claustrofóbica e esses sentimentos divididos, só comigo, por tanto tempo acabam por despertar a autopiedade. Desprezo esse sentimento!
Livros! Boa companhia para um sábado à tarde, mas depois de 38 sábados seguidos, não consigo me concentrar! Essa expectativa de que os problemas serão resolvidos na segunda feira, já foi bem vinda. Agora me é deprimente!
Filme, um bom filme, também me livraria de mim mesma por algumas horas. Mas os bons que tenho aqui, eu já vi e revi... Não quero.
Música, excelente pra mergulhar ainda mais dentro de mim do meu universo complexo, meus sentimentos desconexos do infinito ponto de interrogação que vive em mim. Não! Melhor ficar aqui na superfície.
Sair! Não e não. Ultimamente sair significa arrancar raízes, é difícil pra mim, arrancar a mim mesma. Isso me inquieta! Não sei se quero mudar o figurino, gosto deste pijama ocioso dessa preguiça desmedida.
O que quero? Uma semana com terças e quartas, com dias diferentes. Quero uma definição da minha vida, planejar a próxima semana. Ficar muito, muito ocupada. Tanto, que, então ao me encontrar... Poder dizer para mim, nossa! Quanto tempo, senti sua falta!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

La gente que me gusta, por Mario Benedetti


Me gusta la gente que vibra, que no hay que empujarla, que no hay que decirle que haga las cosas, sino que sabe lo que hay que hacer y que lo hace. La gente que cultiva sus sueños hasta que esos sueños se apoderan de su propia realidad. Me gusta la gente con capacidad para asumir las consecuencias de sus acciones, la gente que arriesga lo cierto por lo incierto para ir detrás de un sueño, quien se permite huir de los consejos sensatos dejando las soluciones en manos de nuestro padre Dios.
Me gusta la gente que es justa con su gente y consigo misma, la gente que agradece el nuevo día, las cosas buenas que existen en su vida, que vive cada hora con buen ánimo dando lo mejor de sí, agradecido de estar vivo, de poder regalar sonrisas, de ofrecer sus manos y ayudar generosamente sin esperar nada a cambio.
Me gusta la gente capaz de criticarme constructivamente y de frente, pero sin lastimarme ni herirme. La gente que tiene tacto.
Me gusta la gente que posee sentido de la justicia.
A estos los llamo mis amigos.
Me gusta la gente que sabe la importancia de la alegría y la predica. La gente que mediante bromas nos enseña a concebir la vida con humor. La gente que nunca deja de ser aniñada.
Me gusta la gente que con su energía, contagia.
Me gusta la gente sincera y franca, capaz de oponerse con argumentos razonables a las decisiones de cualquiera.
Me gusta la gente fiel y persistente, que no desfallece cuando de alcanzar objetivos e ideas se trata.
Me gusta la gente de criterio, la que no se avergüenza en reconocer que se equivocó o que no sabe algo. La gente que, al aceptar sus errores, se esfuerza genuinamente por no volver a cometerlos.
La gente que lucha contra adversidades.
Me gusta la gente que busca soluciones.
Me gusta la gente que piensa y medita internamente. La gente que valora a sus semejantes no por un estereotipo social ni cómo lucen. La gente que no juzga ni deja que otros juzguen.
Me gusta la gente que tiene personalidad.
Me gusta la gente capaz de entender que el mayor error del ser humano, es intentar sacarse de la cabeza aquello que no sale del corazón.
La sensibilidad, el coraje, la solidaridad, la bondad, el respeto, la tranquilidad, los valores, la alegría, la humildad, la fe, la felicidad, el tacto, la confianza, la esperanza, el agradecimiento, la sabiduría, los sueños, el arrepentimiento y el amor para los demás y propio son cosas fundamentales para llamarse GENTE.
Con gente como ésa, me comprometo para lo que sea por el resto de mi vida, ya que por tenerlos junto a mí, me doy por bien retribuido.







Tradução (ou tentativa de)


DA GENTE QUE EU GOSTO.

Eu gosto de gente que vibra, que não tem de ser empurrada, que não tem de dizer que faça as coisas, mas que sabe o que tem que fazer e que faz. A gente que cultiva seus sonhos até que esses sonhos se apoderam de sua própria realidade.

Eu gosto de gente com capacidade para assumir as consequências de suas ações, de gente que arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, que se permite, abandona os conselhos sensatos deixando as soluções nas mãos de Deus.

Eu gosto de gente que é justa com sua gente e consigo mesma, da gente que agradece o novo dia, as coisas boas que existem em sua vida, que vive cada hora com bom animo dando o melhor de si, agradecido de estar vivo, de poder distribuir sorrisos, de oferecer suas mãos e ajudar generosamente sem esperar nada em troca.

Eu gosto da gente capaz de me criticar construtivamente e de frente, mas sem me lastimar ou me ferir. Da gente que tem tato. Gosto da gente que possui sentido de justiça. A estes chamo de meus amigos.

Eu gosto da gente que sabe a importância da alegria e a pratica. Da gente que por meio de piadas nos ensina a conceber a vida com humor. Da gente que nunca deixa de ser animada.

Eu gosto de gente sincera e franca, capaz de se opor com argumentos razoáveis a qualquer decisão.
Gosto de gente fiel e persistente, que não descansa quando se trata de alcançar objetivos e ideias.

Eu gosto da gente de critério, a que não se envergonha em reconhecer que se equivocou ou que não sabe algo. De gente que, ao aceitar seus erros, se esforça genuinamente por não voltar a cometê-los. De gente que luta contra adversidades. Gosto de gente que busca soluções.

Eu gosto da gente que pensa e medita internamente. De gente que valoriza seus semelhantes, não por um estereotipo social, nem como se apresentam. De gente que não julga, nem deixa que outros julguem. Gosta de gente que tem personalidade.

Eu gosto da gente que é capaz de entender que o maior erro do ser humano é tentar arrancar da cabeça aquilo que não sai do coração.

A sensibilidade, a coragem, a solidariedade, a bondade, o respeito, a tranqüilidade, os valores, a alegria, a humildade, a fé, a felicidade, o tato, a confiança, a esperança, o agradecimento, a sabedoria, os sonhos, o arrependimento, e o amor para com os demais e consigo próprio são coisas fundamentais para se chamar GENTE.

Com gente como essa, me comprometo, para o que seja, pelo resto de minha vida... já que, por tê-los junto de mim, me dou por bem retribuído.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Novos ventos

"Só mesmo um personagem como este (Dom Quixote) e uma história como esta, para nos exporem à nossa própria e invencível contradição: queremos a sensatez que nos protege, mas não resistimos à loucura que arrebata. E, por isso, inventamos a arte, que nos permite experimentar a loucura sem correr o risco de irmos parar num hospício."(Ferreira Gullar)


Feriado. Sendo feriado, eu não estou em greve!
Mesmo assim não consigo curtir minha família, nem o feriado. Atenta a qualquer mudança qualquer notícia! Começo o dia com uma prece: “Por favor, me traga uma notícia, mas, que seja boa”.
Sinto que os “ventos” estão mudando. Longe de ser uma analista política, pelo contrário nunca me interessei muito pelo assunto, nem me interei muito sobre isso! Mas, percebo que alguns fatos políticos mudaram, e a nosso favor! Mexeram nos salários dos cargos comissionados; os deputados da aliança já não se mostram tão solidários ao governo; não sei se é certo, mas leio nas entrelinhas que o tribunal de justiça e o tribunal de contas não ficaram nada satisfeitos de se verem questionados e do governo repartir com eles a “culpa” do desvio do FUNDEB e, além de tudo, algo instintivo me sussurra que as orelhas do governador foram puxadas em sua visita em Brasília, não foram só trocas de gentilezas e sorrisos como parece.
A carta à população vinculada na Tv e Jornal, não surtiu o efeito esperado, a consciência da sociedade mudou, assim como a dos professores. A sociedade toda está cansada de ser enrolada e não é com qualquer discurso que se deixam levar! A tentativa de tornar a greve ilegal foi um verdadeiro fracasso! E para encerrar a folha de pagamento, teve impacto sim! Tão impactante que trouxe raiva e revolta ao movimento grevista que continua firme e forte apesar do que se fala por ai!
Não há nada de oficial no que escrevo, são impressões pessoais do que leio e observo. Depois de um dia negro, 21/06 terça feira, onde senti a total impotência de um professor diante do poder de um governador. Anotei mentalmente como sendo o meio, o centro dessa greve. Hoje, estou com uma expectativa positiva, embalada por reflexões e voltei a acreditar. Estamos caminhando para o final. Sei, desde o início tenho essa consciência, nem tudo pelo que brigamos vai ser contemplado. Não de imediato! Mas, acredito que agora, haverá um real avanço. Satisfatório, não ideal! Então, poderemos voltar!
Voltar, mas ainda armados do mesmo espírito de luta, porque muitas mudanças precisam ser feitas e tem que ser agora! Não podemos mais ficar calado esperando cada um em sua sala de aula. Temos que ter a consciência de que não são as reclamações na sala dos professores que vão resolver os problemas graves da educação. Precisamos nos lembrar de que somos fortes, importantes, imprescindíveis, sempre! Continuar discutindo, nos informado nos comunicando e principalmente, vigiar de perto, muito de perto o que está sendo feito na educação! Há milhares de sonhos a concretizar, milhares de moinhos a serem derrubados...
“Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha juntos é o começo da realidade” (D. Quixote)

terça-feira, 21 de junho de 2011

Impotência.


Hoje me acordei triste, sentindo maus presságios, sentimento herdado de minha avó!
Meu coração estava tão apertado, uma dor na alma. A minha alma dói e tem febre quando a tristeza me invade. Hoje não senti raiva... Li todas as decisões a serem tomadas a respeito do meu destino, vi meu contracheque e não senti raiva! Fui tomada por um infinito cansaço! Senti-me, insignificante, impotente, incapaz! O sentimento de impotência vem do que para mim é impossível conceber. Por mais esforço que eu faça não consigo compreender o atual cenário em que se encontra a educação. Enquanto a lei não era cumprida pelos governantes, não se falava em ilegalidade. Quando ele corta, recorta o plano de carreira de toda uma categoria, não se fala em ilegalidade! Mas lutar pra ver uma lei ser cumprida pode ser ilegal! Não aceitar que tirem seus direitos para saldar dívidas, pode ser ilegal! Professores fora da sala de aula prejudicam os estudantes, desviar o dinheiro que deveria ser da educação, não!
Também não entendo mais o significado da palavra diálogo. Sempre pensei que era uma conversa entre duas ou várias pessoas que discutem uma ideia até chegar a um consenso. Parece que não, diálogo é aceitar! Goste ou não, seja justo ou não, aceite! Ou correrá o risco de não estar dialogando. Eu não sei ter esperança, não sei. Pra mim, esperar, ficar assim de mãos atadas assistindo de longe alguém com a minha vida lá, em suas mãos é a total impotência! O que sei e entendo é que estamos no meio de um embate, pois é só no meio que se sente a impotência, nunca no início ou no fim!
Tantas falas se ouvem, tanto se lê sobre a importância do bom professor, que seu trabalho é imprescindível, que é um trabalho árduo difícil, necessário. Dias sem aula e a sociedade toda grita por seus filhos em casa! Porque então é tão difícil valorizar? O momento de lutar, de refletir, de todos assumirem o compromisso com a educação que se quer, é agora! Essa responsabilidade não é só do professor, nem só de quem governantes, é do aluno e dos pais, também! Convido-os: comprometam-se!
Essa foi a pior das sensações, Impotência! Mas só hoje me permito tristeza, só hoje me permito à sensação de impotência. Amanhã, não! Amanhã preciso lutar, encontrar pessoas comprometidas com a educação e principalmente preciso de uma respostas: CADÊ VOCÊ jUSTIÇA?

Amanhã...

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Greve Legal!

Mais uma segunda sem aulas,
Mais uma semana em greve, não questiono jamais a legalidade da greve! Legal não no sentido de lei, legal no sentido jovem, de ser uma luta “maneira”. Sempre soube que teria perdas, que não há vencedores reais em uma luta como essa. Descontos, ameaças, eu, apesar de novata em greves, já esperava.
De uma hora pra outra percebi que cidadania não existe e lei é só um vocábulo, só existe pra alguns. Não me sinto uma fora da lei como grevista, nunca me senti tão em meu lugar em toda a minha vida. Não acredito que estou fazendo mal aos meus alunos, tenho certeza de que aqueles que são estudantes de verdade estão torcendo pelos professores e tem a real compreensão do que está acontecendo. Os pais estão preocupados sim, do contrário não seriam bons pais.
Uma confusão de sentimentos já passou pela minha alma, orgulho, êxtase, tristeza, cansaço, indignação... Mas, jamais culpa ou dúvida de não estar agindo corretamente.
Escrevi hoje em resposta a um artigo que questionava o porquê não voltávamos à sala de aula, se não era o momento de pensar menos em nós e mais nos alunos. Respondi, não volto porque não posso! É verdade. Não posso, não posso voltar como se estivesse voltando de férias, e continuar a minha aula exatamente de onde parei! Não! Não, tudo mudou! O tempo não é mais o mesmo, eu não sou mais a mesma! Para voltar, preciso acreditar no que falo aos meus alunos, preciso me acreditar cidadã!
No momento não me sinto cidadã, me sinto iludida, roubada, lesada nos mais sagrados dos meus direitos, inclusive no direito ao voto! Sinto-me humilhada ao ver minha pobreza salarial ser usada como arma pra me forçar a voltar pra sala de aula! Um nó me sobe a garganta quando leio a situação dos meus colegas ACTs! Ser ACT deixa marcas, nunca mais essas cicatrizes desaparecem e elas doem quando vejo o que eles estão passando agora! Essa é a aula de cidadania recebida do nosso governo, somos massa de modelar que em suas mãos transformam-nos em tristes bonecos e somos jogados nas escolas pra virarmos cumpridores de horário, para que a sociedade acredite que a normalidade voltou!
E quanto ao fato de pensar mais nos alunos e menos em mim, Não dá. Não mesmo! Há momentos em que para sobrevivermos o egoísmo é necessário! E esse é o momento. Preciso pensar em mim! Porque ninguém mais pensa! Nem mesmo sei se a lei se aplica a “seres” como eu? Alguns dizem que o governo tentou negociar, não consigo ver! Quando olho as propostas do governo, algo grita como uma sirene, você esta sendo enganada! Lute! Lute!
E eu com a minha forma especial de ver o mundo, típica de um professor, pretendo continuar a luta! Luto, por mim! Preciso encontrar minha cidadania perdida em algum lugar, preciso derrubar os moinhos! Imaginários? Insanos? Talvez!

domingo, 19 de junho de 2011

Mario Benedetti - Pasatiempo


PASATIEMPO
Cuando éramos niños
los viejos tenían como treinta
un charco era un océano
la muerte lisa y llana
no existía.Luego cuando muchachos
los viejos eran gente de cuarenta
un estanque un océano
la muerte solamente
una palabra.

Ya cuando nos casamos
los ancianos estaban en cincuenta
un lago era un océano
la muerte era la muerte
de los otros.

Ahora veteranos
ya le dimos alcance a la verdad
el océano es por fin el océano
pero la muerte empieza a ser
la nuestra.

Inocência

Ao passar do tempo...
Perdi-me, sinto hoje tanta saudade de mim, saudade da liberdade de correr ao sol, de viver intensamente a minha imaginação, sem perceber o mundo, não da forma como mundo é. Mas de acreditar. É isso, acreditar que o mundo é mágico, todas as pessoas são boas e a morte não existe, é algo tão distante da qual só se ouve falar.
Descobri durante o tempo em que fui me perdendo, crescer dói! E a magia vai se perdendo aos poucos e é substituída por uma pressa que vem como uma onda e você vai com ela, assim, rolando e fazendo escolhas. E a morte agora existe para as pessoas que estão próximas de você.
E quando essa onda passa e a pressa acaba é substituída por uma percepção real do mundo, pelo preço pago pelas escolhas e pela certeza de que poucas pessoas realmente são boas. A morte é real agora, para você e para os que você ama. Deve ser o que se chama maturidade.
Não sei. Não sei se isso realmente é bom! Gosto de não ter pressa. Mas gostaria de ter minha inocência de volta, queria acreditar mais. ceticismo não cai bem em mim, é como vestir uma roupa dois números menor. Aperta-me, não me permite sonhar, afinal, para os céticos, os sonhos são irrealizáveis.
Não me importo de perceber o mundo como ele realmente é, mas gostaria de acreditar que tem solução! Não me importo de perceber que as pessoas são imperfeitas, mas gostaria de acreditar que nas suas imperfeições há humanidade. Não me importo de me perceber mortal, mas não gosto de perder quem amo. E, de todas as minhas partes que perdi no caminho, queria de volta a inocência! Queria voltar a conversar com Deus e realmente crer que as soluções virão! Não aguento mais essa “roupa apertada” do ceticismo e o sentimento tão real da minha Frágil humanidade!
O

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Cansaço!

Hoje me bateu um cansaço,
Uma desesperança. É triste quando seu destino está nas mãos de pessoas que não se importam. É triste, lembrar quanto sacrifício fiz pra me formar. Quantas férias, no calor do verão eu passei estudando, e noites de invernos gelados viajando uma noite inteira pra chegar até a universidade. Quantas vezes eu optei entre comer ou tirar a cópia do texto que o professor pediu. Como eu sacrifiquei meus filhos pra poder estudar e em todo tempo que perdi do crescimento deles, por estar longe estudando.
Lembro-me dos olhos marejados do meu filho nas despedidas e da minha filha dizendo que a não tinha o que contar no primeiro dia de aula,pois nas férias, havia ficado em casa enquanto eu estava a quilômetros estudando. Pensando em tudo isso senti um nó na garganta!
Pensei em todos os dias e noites da minha vida que dediquei à escola, educando os filhos dos outros, enquanto nunca auxiliei um filho meu nas tarefa escolares, por não ter tempo. Pensei em todas as madrugadas corrigindo provas, nos fins de semana preparando aulas, nas horas de folga fazendo projetos pra feiras, decorações de festas juninas, formaturas de terceiro ano.
Refleti sobre os problemas de saúde decorrentes das horas passadas em cima das provas, aulas e projetos ou pelo estresse da sala de aula, tantos outros problemas e que agora carregarei pra sempre como um preço, uma lembrança por uma escolha feita.
Coloquei em uma balança tudo que recebi em troca, o prazer de ensinar, os poucos agradecimentos dos pais, o raro reconhecimento dos alunos, o pequeno valor dado pela sociedade, o insignificante valor financeiro e a nula valorização do governo, tive uma confirmação, tão difícil, tão dolorida. Não vale a pena! É como um amor não correspondido.
Conversando com meu pai sobre a greve sobre as promessas feitas, ele que também foi funcionário público na mesma escola em que trabalhei me respondeu, ”Essas promessas, essas esperanças vêm desde o tempo do meu avô, ele sentava a beira do fogo, assim como estamos agora e dizia, um dia nós professores seremos reconhecidos!” Me deu uma vontade tão grande de chorar, eu que sou bisneta e ainda vivo dessa mesma esperança!
A cada vez que leio ou ouço um comentário de um professor, pai ou aluno, falando mal dos professores em greve e a favor do governo, é como se um pedaço do que há de professor em mim morresse. É isso que está acontecendo, meu amor pela minha profissão que parecia inatingível está morrendo.
Não acredito, não posso nem mesmo pensar que essa injustiça aconteça! Preciso acreditar na justiça do meu país, e que, o que está acontecendo é um equívoco, irá mudar! Ao contrário do que o governo afirma, não haverá normalidade nas escolas se voltarmos agora. Aliás, não haverá mais normalidade, nada será como antes. Só voltaremos se valorizados, do contrário não há como ser professor! Um professor precisa amar o que faz e acreditar no que ensina!

Raphael Rabello & Leo Gandelman - Villa Lobos - Lindo!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Aos alunos!

Caros alunos,


Primeiro pedi compreensão ao entrar em greve.
Depois, pedi apoio e paciência.
Agora peço que acreditem nos seus professores, não estamos em greve pra ficar em casa,
“de boa”. Não estamos em greve somente pelo dinheiro, é claro que ele é fator decisivo, mas a greve é por toda uma situação, de anos, que vem se agravando! Esse foi o momento decisivo.
Aquele momento em que você diz basta!
Gostaria que vocês refletissem com maturidade e pensassem naquelas aulas chatas das quais reclamam, naqueles professores ranzinzas dos quais não gostam, nas criticas feitas a escola, pela falta de material, pelas janelas e portas quebradas, pela falta de recursos, pela copiadora que quebra a toda hora, pela demora da escolha do diretor, pela troca constante de professores, pelos professores pouco qualificados... Reclamações tantas, ouvidas a todo tempo.
Já pensaram que talvez os professores se sintam encurralados, sem estímulos, sem expectativas, que por isso já não consigam mais dar boas aulas. Que não há diretor, por melhor que seja, que dê conta de colocar uma escola sucateada funcionar como se fosse uma escola de primeiro mundo. Aqueles que hoje vocês consideram bons professores têm poucos motivos pra continuar na escola pública. Um dos motivos com certeza é aquele idealismo que ainda carregam consigo. Mas a vida não se paga com ideais, infelizmente.
Por isso, dissemos: Basta! Estamos cansados de levar a educação nas costas, estamos cansados de nos sentir encurralados, desvalorizados. Cansamos de levar a culpa pelos insucessos de nossos alunos! Resolvemos ser professores de verdade e dar uma aula de cidadania!
Como ensinar aos alunos cidadania se nós professores nos enfiamos em uma sala de aula, com parcos recursos e aceitamos que a educação no estado chegue ao ponto que chegou?
Preciso pedir mais uma coisa... Desculpas! Por não termos tomado uma atitude antes, por deixar chegar a esse ponto, por vocês estarem sem aula! Acreditem, não há um só professor, aqueles que vocês consideram bons e os que consideram ruins, que não estejam, sim, muito preocupados com vocês alunos! Que não queira voltar pra sala de aula o quanto antes. Mas, não podemos! Não dessa forma, não nessas condições! Queremos voltar sim, valorizados como trabalhadores da educação. Só assim a aula de cidadania será completa!

Colecionador

Coleciono “coisas”,
Coleciono miniaturas de vidrarias usadas em laboratório; coleciono girafas, bruxas, livros, coleciono cactos, pedras, sementes, conchas. Já colecionei sapos e anjos de porcelana.
As coleções atuais estão expostas pela casa amarela, por toda parte, as mais antigas, das quais já desisti, eu guardo em caixas em algum lugar no armário. Por minha causa, por insistência minha, temos em casa uma coleção de discos de vinil, que passeiam pra lá e pra cá, ora no baú, ora no toca discos, ora nas mãos de alguém que admira suas capas.
Descobri esses dias, que coleciono pessoas, não em espécies, mas suas características, sentimentos, significados, defeitos interessantes, qualidades... Enfim, o que a pessoa tem e me interessa, me aproprio e guardo.
Guardo na memória, não em um lugar escondido. Mas bem a mão onde eu possa rever toda vez que quiser sentir vontade ou saudade! Ali tem uma rica coleção, não em número, mas em diversidade.
A todas as pessoas que ali estão dedico sentimentos bons, amor, carinho, amizade, adimiração. E elas ou foram ou são muito importantes em minha vida. A grande maioria que ali está tem comigo laços consanguíneos, mas há os que não têm parentesco algum e que são amados tanto quanto. Não sou pessoa que possa dizer: tenho milhões de amigos. Na verdade, são poucos, mas cada um é único, especial!
Quem é colecionador, sabe que a graça da coleção é a raridade, a dificuldade de encontrar o “objeto” a ser colecionado. No meu caso a graça está em observar e encontrar pessoas únicas, diferentes, especiais que fazem a diferença na vida das outras pessoas.
Algumas pessoas que passam pela minha vida, passam! Assim, sem deixar nada, elas não vivem, apenas existem! E outras raras, que nem se percebem observadas vem fazer parte da minha mais valiosa coleção.
Ali, pode se achar censo de humor inteligente, sarcástico, mau humor charmoso, honestidade a toda prova, criatividade, fidelidade, inocência, inteligência excepcional. Encontram-se também dançarinas, bons cozinheiros, artesãos, músicos e conhecedores de boa música, poetas, escritores e leitores, ranzinzas, rebeldes sem causa,auto confiantes, bagunceiros, organizados, cientistas, humanistas... Enfim os mais diversos!
Todas as pessoas que tem suas características em minha coleção têm em comum a simplicidade, cometem erros, são insensatas, algumas meio insanas e todas muito, muito humanas!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Canção Para uma Valsa Lenta (Mário Quintana)

22:17

'Canção Para Uma Valsa Lenta' por @patriciasoh from Messias on Vimeo.

.

Porque ser educador é muito!

Acreditar,
Para sobreviver a uma greve tão injusta como essa, é preciso acreditar!
Acreditar na justiça, acreditar na possível existência de algum nível de consciência do governo, acreditar no valor da educação e principalmente acreditar na força do outro, na persistência do outro. Que então somada a nossa fará a diferença!
Os dias passam e o governo transforma toda a luta em uma piada, quando em suas propostas ele resolve pagar sua divida conosco com nosso próprio dinheiro e ainda parcelado! Eu acreditava que quando uma greve era duradoura a sensação era de depressão, que me sentiria infeliz. Não! De forma alguma, acho é graça! A cada proposta cresce a indignação e penso que meu estado é governado por uma piada ambulante!
Eu acredito!
Acredito na força dos professores, acredito no que vi nos olhos de cada um, lá estava estampado o desejo de lutar! E a certeza de que a causa é justa. Não vamos desistir, nem mesmo nos deixar enrolar, não vamos voltar pra sala de aula, derrotados! Voltaremos, sim quando formos ouvidos e valorizados! Ai sim, podemos voltar e reger uma classe de cabeça erguida sendo então merecedores do titulo de professor!
Então, continuamos à luta com determinação, unidos por nossa causa agarrados a cada oportunidade, vencendo cada obstáculo com ousadia a cada dia chamando mais pessoas pra nossa luta porque ser educador é “muito” para ser tratado assim, com tanta insignificância.
Aos moinhos, até derrubarmos todos! Continuemos nessa luta insana. Loucamente felizes, pela certeza de estarmos certos! E, porque acreditamos.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Grito a nossa importância!

Ficar a toa?
Nada, milhões de ideias e estratégias, muitas reuniões, encontros e assembleias! Nunca li tanto, me informei tanto e discuti incansavelmente educação em toda a minha vida como professora.
Durante esse tempo ”ocioso” vi muitos monstros no armário e tive medo! Mas nunca deixei de ter a certeza de que estou do lado certo, fazendo o que é certo. E mesmo não estando na sala de aula, estou fazendo muito pela educação. Pois em todo esse tempo apareceram tantos erros cometidos, tantos desvios, tantas falcatruas! A sujeira toda veio à tona.
A oportunidade de discutir com professores de todo o estado e ver refletida a situação da sua escola na dele, está sendo única... Ímpar. Depois dessa greve a educação não será mais a mesma, foi uma sacudida e tanto!
Descobrimos que somos importantes! Acho graça quando lembro que o governo colocou pessoas famosas em horário nobre dizendo: “Professores são importantes”, até musiquinha fofa colocaram... Deu resultado! Lembramos que somos importantes, erguemos a cabeça e fomos à luta! Estamos nas praças, nas ruas, nos jornais, na tv (por segundos, mas estamos), na Internet, gritando a nossa importância! Porque há direito ao grito, Gritamos:
Alô sociedade! O dinheiro da educação está sendo desviado, estamos sendo enganados. A luta não é mais por um mísero piso! É pelo plano de carreira, é pela eleição para diretor é por melhorias urgentes na educação, é para que seja dada a educação a devida importância.
Agora, só agora, o governo reúne seus deputados e vem com uma conversa todo doce, de quer negociar, que está aberto ao diálogo, preocupado com os alunos catarinenses! Ai dá-me paciência! Onde estava à preocupação até agora? Passeando pela Europa, em Brasília na posse da ministra, planejando loucas tabelas salariais que mais parecem piada. Comovente essa preocupação! Será tão levada a sério quanto às cartas ameaçadoras, a ordem de voltar pra sala de aula em 24 horas e a ameaça de descontos! Ou seja, não estamos nem ai! Nossa preocupação sim é verdadeira! Nós que estamos carregando a Educação, sozinhos por tantos anos, vendo-a ser sucateada, vendo os professores adoecendo, desistindo... Nós ficamos lá ao lado dos estudantes catarinenses tentando fazer milagres!
Continuamos preocupados com os estudantes catarinenses, só mudamos nossa estratégia. Estamos lutando por eles! E como Dom Quixotes, somos teimosos, não desistimos de uma luta! Não até que todos os moinhos sejam removidos.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Celebrar!

Ontem era dia dos namorados e passei o dia na sala de espera de um hospital.
Esperando!
Minha espera teve um final feliz, a pessoa que estava lá dentro, ainda bem, está segura.
Por um tempo!
Fiquei ali observando o entra e sai de quem vinha visitar, de quem vinha pra ficar, de quem ia pra casa e de quem de lá talvez jamais voltasse. Pensei no quanto é importante celebrar a vida! No tanto de poesia que a vida tem!
Se não e fácil aceitar a morte, a falta de saúde é de certa forma uma morte. Enquanto se está doente nos é negado observar a poesia da vida e não é possível celebrar!
Em minhas reflexões percebi que nunca me preparei para a morte e que talvez nunca a aceite! É inconcebível a minha natureza, que celebra tudo, tanto e sempre, perder alguém! Por isso tratei logo de colocar esses pensamentos em uma gaveta, bem lá no fundo.
Troquei por pensamentos leves, flutuantes como notas musicais. E, nessa troca de figurinhas, pensei em quanto sou feliz por ter uma mão ali segurando a minha. Por ter um coração generoso e ter trocado meu domingo para prestar solidariedade a alguém que naquele momento não podia de forma alguma celebrar a vida! Senti-me feliz! Também é uma celebração prestar ajuda a quem amamos.
E ainda tive a certeza, tenho mesmo o dom de ser feliz!

domingo, 12 de junho de 2011

Enamorados II

O meu amor,
A quem dedico?
Para merecer meu amor, tem que me fazer rir, é fundamental o riso!
Tem que me surpreender sempre e ao mesmo tempo cumprir certos rituais.
Estar disposto a embarcar nas minhas loucuras e de vez em quando me chamar à realidade.
Preciso de liberdade, de espaço, gosto de certa dose de individualismo, então me deixa ser! Precisa respeitar minha necessidade de solidão e compreender minha vontade de sua companhia.
Terá que suportar meu temperamento inconstante em troca receberá minha dedicação total!
É prioridade que goste de música e de sexo! E me ache linda, mesmo que eu não seja. Se disser que sou eu acredito!


Gosto de carinho, mas não em excesso, de declarações sem exageros, nada de frases de efeito, troco por atitudes de efeito!
Assim, se cultivar a todo tempo o meu amor, me terá sempre e verá nos meus olhos o desejo e meu amor se verá refletido nos teus sentindo-se assim enamorado.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Enamorados!



Amor,
Não basta ouvir eu te amo
Não bastam beijos e flores, não basta sexo. É certo que é bom, muito bom.
Sentimento insaciável, o amor!
É diferente ouvir-se amado de sentir-se amado. Há uma distância grande demais entre o amor verbalizado e o sentido. Grande o bastante para que outros sentimentos se instalem.
Para sentir-se amado, não é preciso tanto. Atitudes simples, mas o simples é sempre tão complicado.
Às vezes um abraço é suficiente, um olhar de desejo em uma hora imprópria, um cuidado a mais, uma preocupação com seu bem estar! Uma surpresa planejada!
Também não é preciso gritar seu amor por ai, o amor combina mais com o silêncio!
Não é necessário trancafiar seu amor, ele pode ser livre e ainda assim ser o seu amor.
O amor tem que ser eterno, mesmo que um dia não estejam mais juntos! Precisa vir na memória junto com um suspiro de saudade. A saudade está sempre aliada ao que amamos.
Para sentir-se amado você tem que se sentir aceito, assim, do jeito que é! Tem que se sentir aquecido mesmo distante, nunca solitário, nunca! E ao olhar nos olhos um do outro tem que ver refletido neles o desejo.
E a todo dia, ao sentir-se amado, o amor também aumenta, nutridos um pelo outro, enamorados!

Passeata histórica dos professores em Florianópolis!

Greve na Ilha!


Em minha vida de grevista,
Acordar cedo, o que pra mim é sacrifício, eu que amo a marola do sono e do sonho que vai e vem pela manhã! Pôr uma roupa básica, um tênis, necessário para um dia cansativo. Respirar fundo e... Sair da minha Ilha, rumo a outra.
A outra ilha, que é uma ilha de verdade, estava linda! Como sempre, mas esse dia era especial. Pouco a pouco foram chegando, pessoas de toda parte, as mais diversas, em aparência e idade, mas alguma coisa no olhar, na atitude fazia com que se reconhecessem, mesmo junto aos outros habitantes da ilha. Afinal, pisaram sobre as rosas, acabaram com o jardim e todos estavam lá para protestar!
Lindo! Lindo de ver todo aquele colorido ir tomando conta da passarela e depois tomar conta das ruas! E iam gritando suas decepções, suas angustias, suas aspirações, desnudando pela rua toda uma vida de luta, indignação, decepções! Perante as pessoas que passavam, lá se iam de cabeça erguida, tirando uma a uma, as repressões sentidas por tanto tempo, não mais de cabeça baixa, não mais como os "vadios" , não! De cabeça erguida, de coração aberto, agora como classe trabalhadora, orgulhosa de saber o quão é importante, agora como soldados de uma guerra pela cidadania!
Não é mais uma luta por um piso salarial, é um resgate da dignidade perdida, por uma classe massacrada a tanto tempo!
É um grito a sociedade: "Não somos vadios, cruzamos os braços para que reconheçam, precisam de nós. Muito! Não só para tomar conta de seus filhos enquanto trabalham, mas para que eles tenham um futuro melhor”.
E assim, a cada passo, a cada grito, recuperou-se o orgulho de ser professor, a consciência da importância que temos e quanto, quando unidos, podemos ser fortes e mudar o rumo de uma história!
Em termos salariais, foi apenas mais uma jogada no tabuleiro, mais um moinho de vento derrubado. Mas em termos de conquista foi uma belíssima vitória em uma guerra onde as únicas armas usadas foram a vez e a voz.
Que bom que eu estava lá!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Vento

Gosto de ouvir o vento parece que quer contar um segredo.
Gostaria de dizer que gosto do vento, como Ana Terra, mas estaria mentindo. Gosto apenas de ouvi-lo. Não gosto de senti-lo, não gosto da maneira invasiva com que entra pela minha roupa me causando arrepios, não gosto quando despenteia meus cabelos! Tenho medo do vento! Temo que ele leve alguma coisa de mim. Tenho sempre essa sensação!
Quando vai embora, deixa sempre os cabelos despenteados, o quintal cheio de folhas, as frutas caídas antes da hora e uma sensação esticada na pele, parece que ele levou parte do meu tempo!
"Era assim que o tempo se arrastava, o sol nascia e se sumia, a lua passava por todas as fases, as estações iam e vinham, deixando sua marca nas árvores, na terra, nas coisas e nas pessoas." (Érico Veríssimo)
Como Ana Terra, também poderia contar o tempo com a mudança das estações e ligar minhas lembranças ao vento. Também aqui, na ilha verde, o tempo passa devagar e o vento vem transtornar a paz reinante.
Quando presente, só ele se ouve! É bonito o seu som, doído, trás uma sensação de frio e solidão, mas nenhum som mais chega até aqui... As aves se calam... É só o gemido das àrvores retorcidas pelo vento ou o farfalhar das folhas assanhadas por ele.
Dias de vento, sempre trazem lembranças das brincadeiras, dos lugares e das pessoas que não mais existem. Lembro-me de deitar na grama verde, das histórias de Pedro, meu avô dos hinos da minha vó Rúbia. Das roupas sacudindo no varal, do meu casaco de lã amarela que pinicava no corpo, das minhas tias bailando pela sala!
Quase posso ver pela janela, o meu passado, trazido pelo vento!

terça-feira, 7 de junho de 2011

Escrava de Jó!

E a greve se inicia,
Até então, estávamos na zona de conforto, o governo nos cozinhando em banho maria. Primeiro afirmou já pagar o piso, depois afirmou a intenção de pagar, mexeu e remexeu na nossa tabela salarial, “esculhambou” nosso plano de carreira, que confesso, já não é grande coisa. A sensação é que estamos naquela brincadeira antiga “escravos de Jó” aonde as pedras vão e voltam de acordo com a musica.
Escravos de Jó
Jogavam Caxangá
Tira,
Põe,
Deixa ficar
E assim foi, tira regência, diminui aula excedente, uma proposta pior do que a outra! Nos jornais, Nós, professores, somos vilões. “Coitadinhas das criancinhas 20 dias sem aulas, os professores não aceitam o piso e toda a generosidade do governo.” Professores maus!
Mas a verdade é, estamos cansados! Irritados, até! A cada proposta a irritação aumenta. Não entramos em greve pra brincar! Não entramos pra mexer em nosso plano de carreira, entramos por um direito garantido por lei. Lei aprovada pela maioria no senado. E, ainda mais, esperamos dois anos para vê-la cumprida. Dois anos até que fosse julgada pelo supremo tribunal federal!
Nossa regência de classe e “todos os penduricalhos” que estão na nossa folha de pagamento são direitos, são conquistas adquiridas ao longo de muito tempo!
Se, santa Catarina, quinto em arrecadação no Brasil, não tem como pagar a tabela salarial estipulada pelo MEC, quais estados têm? Pra que então existir uma tabela? Pra que criar uma lei que não será cumprida?
A greve inicia-se verdadeiramente, hoje! Sinto muito senhores pais. Sinto muito pelos meus alunos. Mas, sentiria muito mais se não estivesse lutando pelos meus direitos. Pelo direito de ver uma lei cumprida! Pra ver ser feito justiça a uma categoria tão importante quanto é a minha, os professores!
É uma luta histórica, e é sim por melhorias na educação, só manteremos os bons professores nas escolas públicas se tiverem salários dignos! Acredito que a comunidade não ficará ao nosso lado. O que é uma pena! Seria uma bela lição de cidadania a todos! A imprensa na verdade deveria ser imparcial, e normalmente, quando não é, não fica ao lado do trabalhador!
Então, lutemos nós, solitários, com as armas que temos: Dignidade, união e indignação! Não estamos pra brincadeiras nem para “negociar” só queremos que a lei seja cumprida sem que nenhum dos nossos direitos suprimidos!
Vamos continuar nossa luta contra os moinhos de vento!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Vazio.

Um espaço em branco, sem nada, uma agonia uma sensação de arrepender-se! Sentir-se vazio! De um ser oco inútil, que faz coisas inúteis! Uma raiva de si mesmo e de todas as ideias e atitudes desnecessárias. Tanto tempo perdido, palavras desperdiçadas sem um pra que nem por que...
Tudo errado! Tudo! Errado! Impossível desfazer, impossível recomeçar, impossível não sentir.
É como acordar de um pesadelo e descobrir, não, não, não... Não é um pesadelo é realidade! Olhe e encare tudo o que fez! Fez porque quis, não importa o quanto se desculpe e diga que fez por impulso! Não há perdão dentro de si, a realidade é encarada d’e frente e o julgamento da atitude é sempre cruel e o veredito: culpado!
Arrepender-se não diminuirá sua pena só abrirá um espaço, um vazio para que reflita sobre suas ideias malditas. É provável que cometa outros erros, muitos outros! Consciente de que será sempre o culpado! Saber disso não diminui em nada a raiva de si mesmo nem a sensação de ser a pessoa mais estúpida do universo. Seu castigo? Prisão domiciliar, agora por um tempo ficará ai trancada dentro de si mesmo, como uma ostra.
Ficará ai para que não cometa nenhum desatino! É minha responsabilidade garantir que não se magoe e que nada de ruim aconteça! Não se permita chorar! É obrigatório sorrir! Afinal, todo paraíso precisa um pouco do inferno pra contrapor.

domingo, 5 de junho de 2011

Dia Mundial do Meio Ambiente

Quasar

Exceção,
Que bom que essa palavra existe, ela nos permite vagar, mudar algumas regras entortar as linhas da vida. Mudar o traço, ser um Niemeyer de seu próprio destino. Nas linhas tortas estão contidas as emoções mais fortes, as inconfessáveis, inimagináveis as que dão sentido a existência.
Sair dos trilhos e esquecer as regras esquecer-se de si mesmo, chacoalhar a vida, colorir, aquarelar! Fazer da vida uma festa, nem que seja por um dia, um só momento. Vai trazer mais fôlego e em algum lugar, nas linhas tortas, vai ficar marcado como se tivesse sido um brilho súbito de um quasar, uma suave explosão, um sonho que não se repete.
Teremos um novo desenho agora, outros traços, novos contornos talvez mais sedutores, porque não? Talvez sejamos mais felizes, ou não! Mas com certeza não mais os mesmos! E porque contentar-se com a mesmice, se tantas cores e sabores a vida oferece, tantos outros desenhos a linha da sua vida pode criar e recriar!
Depois? Voltemos às linhas retas, o traço certo, as linhas geométricas, abastecidos com toda a exceção que pudemos cometer. Até quem sabe em outro momento a vida permita exceder-se!

Angústia

Lá vem, de mansinho, delicadamente como uma bailarina de pé em ponta,

trás nas mãos uma fita e dança e gira e amarra a fita em meu pescoço posso sentir o nó. Pronto lá se foi o sorriso, lá se foi o dom de ser feliz, lá se foi o sono.
Agora é só o nó, amarrando tudo, e a bailarina e sua fita enrolando e enovelando todos os sentimentos e pensamentos. Uma sensação tão doída de estar só!
Não gosto desse sentimento, ele é egoísta, insensato. Mas não consigo livrar-me! Não consigo mandar essa bailarina louca e sádica que dança dentro de mim e enrola e aperta e sufoca, embora. Não consigo!
Parece que quanto mais eu tento, mais eu finjo que ela não está ali, mais ela dança e carrega sua fita, enrolando e enrolando! Não pense que lhe dou atenção! Não. Eu fico o tempo todo fingindo que ela não está ali. As pessoas provavelmente acreditam. Isso me exige um imenso esforço, por isso, me sinto tão cansada! Lutar com uma bailarina tão ágil não é fácil!
Confesso que ela tem certa beleza, a introspecção e a leveza que ela trás são poéticas. Mas isso é tudo, no mais, não tem nada de poético! É doentio, descolore a vida, tira o perfume e o gosto de tudo.
Pra não ter que fingir e não cansar eu fico aqui, escondida, tentando ser invisível! Esperando a bailarina ir... Levando consigo a fita desatando assim o nó!
Ou inquietud,desolación,angoisse,anguish, angústia!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Personagem

Uma menina magrela, bonita até, mas muito magrela! Com uma cabeleira leonina meio afogueada e rebelde, que combinava muito bem com a sua personalidade tão exuberante e teimosa quanto à cabeleira.
Era esquisita, diferente das outras meninas, não gostava muito de bonecas, gostava mesmo de andar pelo rio colhendo flores ou de ficar horas deitada ao sol. Enquanto as outras queriam ser professoras ela queria ser pianista, sem nem mesmo nunca ter visto ou ouvido um piano, ou bailarina coisa que também só sabia de ter ouvido falar. Sonhava com o mar, catar conchas na beira da praia e andar livremente sob o sol!
Amava a escola, lá era o lugar onde podia aprender o mundo e lá tinham tantos livros!
Cantava e dançava pela casa todo o tempo, isso quando não estava dentro do guarda roupas lendo escondida! Livro que encontrava pela casa, devorava.
A menina magrela cresceu e continuou esquisita. Os cabelos agora já não eram tão compridos, mas, não menos rebeldes. Tinha um estilo próprio de vestir, pintava os tênis, inventava bolsas, cortava calças e camisetas. Andava assim, sempre avoada, com um livro aberto lendo pelo meio da rua.
Vivia intensamente todas as histórias, leu meu pé de laranja lima e teve um pessegueiro que falava, leu as brumas de Avalon e acreditou que sim, deus era mesmo uma mulher, leu a insustentável leveza do ser e apaixonou-se por Tomas... e viveu tantos e todos os personagens, amou todos e tantos livros
A menina um pouco crescida foi atropelada na rua enquanto andava com um livro aberto pela rua. Atropelada por uma bicicleta Peugeot branca e assim teve sua vida toda, atropelada! Teve que viver um personagem real, um romance real em um mundo real.
Hoje, a menina não se reconhece quando se vê no espelho, ali refletida há uma mulher, a cabeleira agora domada, mas a personalidade é ainda rebelde e teimosa, acrescida de traços de personalidades dos personagens lidos! Não anda mais por ai avoada com um livro aberto, anda num Peugeot branco, com alguém que sempre chama sua atenção quando percebe que ela vai se distrair e sair por ai esquecendo as coisas. Continua esquisita e ainda vive o que lê!
Não é pianista, nem bailarina é professora!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Para Sara

Rosa



Composição : Pixinguinha e Otávio de Souza

Tu és, divina e graciosa
Estátua majestosa do amor
Por Deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor
De mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
Se Deus me fora tão clemente
Aqui nesse ambiente de luz
Formada numa tela deslumbrante e bela
Teu coração junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz
Do arfante peito seu

Tu és a forma ideal
Estátua magistral oh alma perenal
Do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de Deus a soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração sepultas um amor
O riso, a fé, a dor
Em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza

Perdão, se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh flor meu peito não resiste
Oh meu Deus o quanto é triste
A incerteza de um amor
Que mais me faz penar em esperar
Em conduzir-te um dia
Ao pé do altar
Jurar, aos pés do onipotente
Em preces comoventes de dor
E receber a unção da tua gratidão
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos
Hei de envolver-te até meu padecer
De todo fenecer

Tango!

Hoje acordei do avesso,
Fiquei o dia todo com uma vontade, um desejo não sei de que.
Uma atração fatal pelo vermelho,
Unhas vermelhas,
Batom vermelho,
Rosas vermelhas,
Sapatos vermelhos,
Vinho tinto!
Um tango,
É isso!
Vamos? Dançar pela noite,
Eu de preto e vermelho você de preto e branco.
Por a rosa nos cabelos,
E beber o vinho.
Jogar os sapatos para o alto,
Manchar seu colarinho branco de vermelho,
batom!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A melhor companhia!

Descobri que gosto da minha companhia, ela me faz um bem danado, gosto de espiar lá dentro de mim. É como um sótão bagunçado e colorido cheio de coisas guardadas. Lá achei minha caixa de lápis com 36 cores, amanhã vou desenhar! Achei um poema que vou ler e reler e uma ideia que havia esquecido por lá. Encontrei pessoas de quem sinto muita saudade e chorei. Entre elas encontrei a mim mesma, uma parte de mim que tinha guardado nem sei mais por que. Revi umas histórias de minha infância e dei risada. Achei minhas agulhas de tricô e lembrei que o inverno está chegando. Ouvi musicas esquecidas por lá, e dancei pelo quarto cantarolando. Nossa! As coleções de gibis, os livros da coleção vagalume. Reencontrei minha boneca Rita, que passou a vida sentada no meu quarto me olhando. Andei de bicicleta, nadei e corri, andei pelo rio com uma vara de pescar, sem nunca fisgar um peixe. Coletei conchas na praia e arrumei em uma cesta, apanhei flores do mato e fiz arranjos imaginários. Encontrei o amor da minha vida de quem às vezes esqueço e que também me esquece. Pensei que tenho os filhos mais inteligentes e mais lindos de todo o mundo. Desliguei a tv, pra ficar ouvindo a mim mesma por um tempo e pensei o quanto gosto de falar comigo mesmo.
Louca? Talvez, e quem não é?