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sexta-feira, 17 de junho de 2011

Cansaço!

Hoje me bateu um cansaço,
Uma desesperança. É triste quando seu destino está nas mãos de pessoas que não se importam. É triste, lembrar quanto sacrifício fiz pra me formar. Quantas férias, no calor do verão eu passei estudando, e noites de invernos gelados viajando uma noite inteira pra chegar até a universidade. Quantas vezes eu optei entre comer ou tirar a cópia do texto que o professor pediu. Como eu sacrifiquei meus filhos pra poder estudar e em todo tempo que perdi do crescimento deles, por estar longe estudando.
Lembro-me dos olhos marejados do meu filho nas despedidas e da minha filha dizendo que a não tinha o que contar no primeiro dia de aula,pois nas férias, havia ficado em casa enquanto eu estava a quilômetros estudando. Pensando em tudo isso senti um nó na garganta!
Pensei em todos os dias e noites da minha vida que dediquei à escola, educando os filhos dos outros, enquanto nunca auxiliei um filho meu nas tarefa escolares, por não ter tempo. Pensei em todas as madrugadas corrigindo provas, nos fins de semana preparando aulas, nas horas de folga fazendo projetos pra feiras, decorações de festas juninas, formaturas de terceiro ano.
Refleti sobre os problemas de saúde decorrentes das horas passadas em cima das provas, aulas e projetos ou pelo estresse da sala de aula, tantos outros problemas e que agora carregarei pra sempre como um preço, uma lembrança por uma escolha feita.
Coloquei em uma balança tudo que recebi em troca, o prazer de ensinar, os poucos agradecimentos dos pais, o raro reconhecimento dos alunos, o pequeno valor dado pela sociedade, o insignificante valor financeiro e a nula valorização do governo, tive uma confirmação, tão difícil, tão dolorida. Não vale a pena! É como um amor não correspondido.
Conversando com meu pai sobre a greve sobre as promessas feitas, ele que também foi funcionário público na mesma escola em que trabalhei me respondeu, ”Essas promessas, essas esperanças vêm desde o tempo do meu avô, ele sentava a beira do fogo, assim como estamos agora e dizia, um dia nós professores seremos reconhecidos!” Me deu uma vontade tão grande de chorar, eu que sou bisneta e ainda vivo dessa mesma esperança!
A cada vez que leio ou ouço um comentário de um professor, pai ou aluno, falando mal dos professores em greve e a favor do governo, é como se um pedaço do que há de professor em mim morresse. É isso que está acontecendo, meu amor pela minha profissão que parecia inatingível está morrendo.
Não acredito, não posso nem mesmo pensar que essa injustiça aconteça! Preciso acreditar na justiça do meu país, e que, o que está acontecendo é um equívoco, irá mudar! Ao contrário do que o governo afirma, não haverá normalidade nas escolas se voltarmos agora. Aliás, não haverá mais normalidade, nada será como antes. Só voltaremos se valorizados, do contrário não há como ser professor! Um professor precisa amar o que faz e acreditar no que ensina!

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