Lá vem, de mansinho, delicadamente como uma bailarina de pé em ponta,
trás nas mãos uma fita e dança e gira e amarra a fita em meu pescoço posso sentir o nó. Pronto lá se foi o sorriso, lá se foi o dom de ser feliz, lá se foi o sono.
Agora é só o nó, amarrando tudo, e a bailarina e sua fita enrolando e enovelando todos os sentimentos e pensamentos. Uma sensação tão doída de estar só!
Não gosto desse sentimento, ele é egoísta, insensato. Mas não consigo livrar-me! Não consigo mandar essa bailarina louca e sádica que dança dentro de mim e enrola e aperta e sufoca, embora. Não consigo!
Parece que quanto mais eu tento, mais eu finjo que ela não está ali, mais ela dança e carrega sua fita, enrolando e enrolando! Não pense que lhe dou atenção! Não. Eu fico o tempo todo fingindo que ela não está ali. As pessoas provavelmente acreditam. Isso me exige um imenso esforço, por isso, me sinto tão cansada! Lutar com uma bailarina tão ágil não é fácil!
Confesso que ela tem certa beleza, a introspecção e a leveza que ela trás são poéticas. Mas isso é tudo, no mais, não tem nada de poético! É doentio, descolore a vida, tira o perfume e o gosto de tudo.
Pra não ter que fingir e não cansar eu fico aqui, escondida, tentando ser invisível! Esperando a bailarina ir... Levando consigo a fita desatando assim o nó!
Ou inquietud,desolación,angoisse,anguish, angústia!
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